Algo de especial está a começar agora mesmo, às 16 horas, 50 minutos e 1 segundo de Lisboa: um eclipse lunar. Em Portugal, esse eclipse só pode começar a ser visto entre as 20h40 e as 20h57, dependendo da região do país em que estiver. Mas não comece já a preparar o telescópio: por cá, o fenómeno vai ser muito discreto. Pode até nem dar por ele.

Na sua longa viagem de 365 dias em redor da nossa estrela, o planeta Terra vai ficar entre o Sol e a Lua. Os três astros vão alinhar-se num fenómeno celestial que se chama sizígia, que ocorre quando três corpos celestes pertencentes ao mesmo sistema gravitacional (como os objetos que compõem o Sistema Solar) se alinham no espaço. Esta segunda-feira, a sizígia vem acompanhada de uma Lua Cheia. Quando estes dois eventos sucedem ao mesmo tempo, ponha os olhos no céu: vai ocorrer um eclipse lunar. Mas aquele a que vamos assistir esta noite pode não ser tão entusiasmante quanto estamos à espera: tudo o que vamos poder reparar, mas mal, é a diminuição da luminosidade aparente da Lua.

Esquema do que acontece durante um eclipse lunar. Em Portugal, só vamos poder ver a Lua quando estiver na última fase do eclipse, já na penumbra. Não vamos ver a superfície lunar oculta, mas apenas assistir a uma diminuição da luminosidade aparente do nosso satélite natural.

Quando a Terra se move até ficar entre o Sol e a Lua, pode acontecer uma de duas coisas: se os três astros ficarem perfeitamente alinhados, assistimos a um eclipse total da Lua. A próxima vez que em Portugal vamos poder assistir a um eclipse lunar total vai ser já para o ano, na noite de 27 para 28 de julho. Se os tês astros não ficarem completamente alinhados, então ocorre um eclipse parcial da Lua: uma parte da superfície da Lua fica tapada pela sombra da Terra, que se forma quando o nosso planeta evita os raios solares de chegarem à superfície lunar.

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Durante esse fenómeno, a sombra da Terra tem três fases. A umbra, que é parte mais escura e central, forma-se quando a fonte de luz é completamente bloqueado por um corpo e cria eclipses totais. A penumbra cria-se quando essa fonte de luz está apenas parcialmente ocultada por um corpo e está envolvida em eclipses parciais. A antumbra é a parte mais luminosa de uma sombra e está envolvida em eclipses anulares e trânsitos de planeta. Cá em Portugal, só vamos poder assistir ao eclipse lunar quando a Lua já estiver na penumbra da Terra porque, cá, a Lua só nasce quando o eclipse estiver quase a terminar. Na prática, não vamos ver nenhuma parte da Lua oculta pela sombra da Terra: vamos apenas assistir a uma diminuição da luminosidade que a Lua aparenta ter ao refletir os raios solares que chegam à sua superfície. A olho nu, provavelmente nem sequer vai reparar que há um eclipse em curso.

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Neste vídeo está explicado o percurso do eclipse parcial lunar previsto para esta segunda-feira à noite, desde a hora a que começa até à hora em que acaba. No caso de Portugal, a Lua nunca vai estar a mais de 18º acima do horizonte. Nesse caso, nunca vamos conseguir nenhuma parte da superfície lunar a ser oculta pela sombra da Terra. Tudo o que vamos ver é a diminuição da luminosidade aparente da Lua.

A culpa está nos horários. O eclipse lunar vai começar às 16h50 de segunda-feira, quando a Lua entrar na penumbra da Terra. Nessa altura, a Lua vai estar para lá do horizonte e não vamos poder observar o nosso satélite irmão. Às 18h22 começa o eclipse parcial: será nessa altura que a superfície da Lua vai ser ocultada em parte, mas ainda não terá nascido no céu português e portanto não vai ser visível. O ponto máximo de eclipse, ou seja, a altura em que a superfície lunar vai ficar mais tapada, vai ser às 18h20. Não vamos poder ver este fenómeno, mas mesmo à tangente: a Lua nasce às 20h40 nos Açores, às 20h53 em Portugal Continental e às 20h57 na Madeira. Minutos antes, às 20h18, o eclipse parcial chega ao fim. Tudo o que vamos poder ver é um eclipse penumbral, que começa as 20h18 e termina às 21h50.

O que este eclipse lunar traz de entusiasmante é o que vai acontecer a 21 de agosto: todos os eclipses lunares vêm acompanhados de um eclipse solar pouco tempo antes ou depois. Neste caso, um eclipse total solar vai brindar este verão daqui a apenas duas semanas. Más notícias: esse eclipse não vai ser visto em Portugal. Os eclipses solares são vistos em regiões mais pequenas do planeta e o de 21 de agosto só vai ser visto nos Estados Unidos.