O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou este domingo os Estados Unidos e a Colômbia de estarem por detrás do ataque à base militar de Paramacay e ordenou que seja reforçada a segurança das instituições das forças armadas.

Foi um ataque terrorista contra as Forças Armadas, mas não vão ser uns terroristas de Miami [EUA] e da Colômbia que vão parar o ritmo da Pátria”, disse no programa radiofónico e televisivo “Os Domingos com Maduro”, transmitido pelas rádios e televisões estatais.

Nicolás Maduro disse que resultaram dois mortos e um ferido e foram detidas oito pessoas, como resultado da ação dos militares em respostas ao assalto de hoje à base de Paramacay, em Valencia, no centro-norte da Venezuela.

O Presidente Maduro ordenou ainda que seja passada revista a todas as unidades militares do país e pediu pena de prisão máxima para quem participou no ataque. “Quem tiver armas contra a República, terá uma resposta contundente”, advertiu.

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Segundo Nicolás Maduro um grupo dos assaltantes conseguiu fugir do lugar e está a ser procurado pelas autoridades e o ataque foi executado em cumplicidade com um ex-tenente que está também a ser procurado.

“Com a informação que tenho a esta hora, posso dizer que lhes pagaram para entrarem nesta aventura”, frisou.

No ataque terão participado 20 indivíduos, que surpreenderam os seguranças e foram diretamente ao depósito de armamento. Fontes não oficiais dão contra de que três militares ficaram feridos durante o ataque e que estão a ser tratados numa clínica em La Viña.

Oposição exige a “verdade” sobre a sublevação ao Governo

O presidente do parlamento venezuelano, o opositor Julio Borges, exigiu ao Governo de Nicolás Maduro a verdade sobre a sublevação, instando-o a não culpar a oposição.

“Queremos saber a verdade, não nos venham com histórias da carochinha, não nos venham com uma caça às bruxas, não venham culpar quem quer simplesmente a vigência da democracia na Venezuela”, declarou Borges num fórum denominado “Em defesa da Constituição”.

Para Borges, o que aconteceu com o grupo de militares deve levar o Governo de Maduro a “uma profunda reflexão”, porque “é muito claro”, na sua opinião, que “as Forças Armadas são um exemplo de um país que quer uma mudança”.

Além de Julio Borges, participaram no fórum outros dirigentes, como o vice-presidente do parlamento, também da oposição, Freddy Guevara, que considerou que os acontecimentos de hoje indicam que o mal-estar que se sente no país “chegou aos quartéis”.

Henrique Capriles, duas vezes candidato à presidência da Venezuela, disse que “nenhum” dos que participaram no fórum — entre os quais, a ex-procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, o deputado chavista Eustoquio Contreras e a ex-provedora de Justiça Gabriela Ramírez — tomarão “as armas” para conseguir a mudança de Governo. “Nenhum de nós. Não caiamos em mentiras”, acrescentou.

As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas da Venezuela imputaram à oposição o ataque à unidade militar cometido, segundo afirmaram, por “delinquentes civis envergando fardas militares”.

Entretanto, também em Valência, morreu hoje o secretário do partido de esquerda Avançada Progressista, Ramón Rivas, depois de ter sido atingido por um tiro, que, segundo fontes locais, teria sido disparado pelas forças de segurança, contra uma manifestação opositora, na Avenida Bolívar.

Vídeos distribuídos através das redes sociais dão conta de concentrações da população nas proximidades da base militar de Paramacay, de barricadas nas estradas, de ataques com gases lacrimogéneos a edifícios residenciais e do momento em que funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) assaltam uma mulher a quem roubam o telemóvel.

Pelo menos 123 pessoas morreram na Venezuela, nos protestos violentos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro, que se intensificaram desde 1 de abril último.