As assembleias de voto abriram esta terça-feira no Quénia pouco depois das 06h00 (04h00 em Lisboa) para eleições gerais, em particular presidenciais muito disputadas, marcadas pelo crescente clima de tensão dos últimos dias. A presença das forças de segurança é visível junto às assembleias de voto, que vão encerrar às 17h00 (15h00 em Lisboa), e nas ruas da capital queniana, Nairobi, constatou a agência noticiosa France Presse (AFP).

A expectativa de perturbações hoje e nos próximos dias levou o Governo a destacar 180 mil efetivos das forças de segurança em todo o país, um dispositivo que a oposição receia que intimide e dissuada alguns dos seus partidários de exercer o direito de voto.

Quase 20 milhões de quenianos são chamados a escolher o Presidente, mas também governadores, autarcas, deputados, senadores e representantes das mulheres no parlamento. O resultado da eleição presidencial é imprevisível, com os dois principais candidatos, o Presidente cessante, Uhuru Kenyatta, de 55 anos, e o rival, Raila Odinga, de 72, a reeditarem o duelo de 2013.

A campanha vinha a decorrer num ambiente de calma relativa, até ao ataque à residência do vice-presidente, William Ruto, no dia 29, e ao anúncio do assassínio de Christopher Musando, supervisor do sistema informático da Comissão Eleitoral queniana (IEBC), cujo corpo foi encontrado no mesmo dia com marcas de tortura, nas margens de uma floresta nos arredores de Nairobi.

Na mente dos quenianos estão ainda frescos os acontecimentos após as eleições gerais de 2007: o mergulho de um país exemplo de estabilidade em dois meses de violência político-étnica – que fez mais de 1.100 mortos e 600 mil deslocados -, depois da oposição, já então liderada por Odinga, reclamar ter sido vítima de uma fraude eleitoral que reelegeu o então chefe de Estado Mwai Kibaki.

Em comunicado, divulgado na segunda-feira, a ONU pediu ao governo do Quénia para sensibilizar todos os participantes das eleições a terem uma atitude pacífica e respeitosa, e evitar uma situação como a de 2007. “Apelamos às autoridades para que façam o possível para garantir eleições pacíficas, bem como um processo de votação justo e livre“, indicaram em comunicado três relatores especiais das Nações Unidas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR