O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denuncia torturas e maus tratos por parte das forças de segurança da Venezuela na repressão das manifestações contra o regime de Nicolas Maduro. Em comunicado, o ACNUDH diz que as forças policiais têm tratado mal e torturado “de forma generalizada e sistemática manifestantes detidos”, tendo sido ainda responsáveis pela morte de pelo menos 46 manifestantes e 5.000 detenções arbitrárias.

A ONU lembra que a Venezuela impediu a visita da comissão de diretos humanos durante a eleição para a nova assembleia constituinte que destituiu o parlamento nacional, onde a oposição tem maioria.

Apesar dessa proibição, as entrevistas feitas à distância por uma equipa de peritos em direitos humanos das Nações Unidas sugerem que houve na Venezuela um uso generalizado e sistemático de força excessiva e detenções arbitrárias contra os manifestares. Os peritos da ONU concluíram que se verificou um padrão de outras violações dos direitos humanos, como a invasão violenta da casas, torturas e maus tratos a detidos na sequência dos protestos que têm sido organizados pela oposição.

“Recebemos informações credíveis de tratamento cruel, desumano e degradante de detidos por parte das forças de segurança que podem ser definidos, em vários casos, como casos de tortura e não foram casos isolados”, afirmou o porta-voz do organismo da ONU, Ravina Shamdasani, citado pelo El Pais.

Entre os vários casos examinados pelo ACNUDH, foi detetada a utilização de choques elétricos, a prática de amarrar os pulsos dos detidos durante períodos prolongados, espancamentos, asfixias com gás, ameaças de morte e casos de violência sexual. Para o organismo da ONU, a destituição da procuradora-geral, Luisa Ortega-Díaz, é mais uma mostra de rutura do estado de direito na Venezuela.

Também os jornalistas que estão a trabalhar no país relatam situações de insegurança e têm sido vítimas de agressões por parte das forças de segurança. Mas estes não são os únicos responsáveis pela violência que se vive no país. Alguns grupos de manifestantes recorreram à violência, com ataques relatados contra agentes de segurança. Oito oficiais foram mortos, no contexto das manifestações.

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