O ministro das Finanças, Mário Centeno, admite em entrevista ao diário espanhol El País que “há uma possibilidade” de suceder ao holandês Jeroen Dijsselbloem na liderança do Eurogrupo.

Questionado pelo jornal espanhol sobre se será candidato à presidência do Eurogrupo depois da saída de Dijsselbloem, Centeno respondeu com uma curta frase: “Não vou dizer que não seja uma possibilidade“.

Mário Centeno não fecha porta ao Eurogrupo, mas diz que ida para Bruxelas não está em cima da mesa

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O ministro das Finanças já tinha sido confrontado várias vezes com esta possibilidade e de todas as vezes, a resposta foi a mesma. “É evidente que não fecho a porta ao Eurogrupo”, assumiu em maio, destacando, contudo, que não estava “neste momento na mesa” liderar o grupo dos ministros das Finanças da zona euro.

Nesta entrevista ao jornal espanhol, Centeno apontou ainda três fatores para explicar o crescimento económico de Portugal desde 2015. “Um: sanear o sistema financeiro. Dois: com a estabilização da banca, melhorou a confiança dos consumidores e das empresas, que começaram a investir e a criar emprego. E três, a mudança política: conseguimos superavit fiscal primário com a diminuição da carga de impostos. E isso se traduziu numa melhoria do emprego”, sublinhou Centeno.

Sobre a relação com as instituições europeias, Centeno reconheceu que “ao princípio as coisas foram difíceis com a Comissão, em parte porque nos via como um Governo sem experiência”. O ministro das Finanças defende que a Comissão Europeia se equivocou: “Cumprimos as metas fiscais e saímos do procedimento por défice excessivo”.

Reconhecendo que “o trabalho não está terminado” no que se refere à crise económica de Portugal, o ministro afirmou que “as reformas precisam de tempo, ainda que essa não seja a receita de Bruxelas”.

Sobre Espanha, que fez três reformas laborais em cinco anos, Mário Centeno defendeu que o país precisa de uma nova reforma do mercado de trabalho.

“Não creio que a Comissão acerte nessas exigências. É quase o contrário do que Espanha precisa: tem que haver reformas, mas insisto que é preciso dar tempo para que funcionem e têm de ser tomadas políticas do lado da procura para ativar a economia. As reformas devem ser aprovadas para [fazer] crescer – não para diminuir – a porção do bolo a repartir, diga o que disser Bruxelas”.

Centeno falou ao El País em Santander, onde esteve a participar numa conferência na Universidade Internacional Menéndez Pelayo.