A final dos 400 metros barreiras seria a corrida decisiva mais aberta esta quarta-feira nos Campeonatos do Mundo de atletismo. Aberta porque tinha o experiente americano Kerron Clement, medalha de ouro nos Jogos do Rio de Janeiro. Aberta porque tinha Yasmani Copello, o turco nascido em Cuba que foi ouro nos Europeus e bronze nos Jogos do ano passado. Aberta porque tinha dois jovens com grandes marcas este ano e onde poderá estar o futuro da disciplina: o jamaicano Kemar Mowatt e o americano TJ Holmes. Aberta porque o dominicano Juander Santos bateu o recorde pessoal das eliminatórias, com o terceiro melhor tempo de qualificação. Mas fechou-se a um só nome: o norueguês Karsten Warholm, que dançou de alegria à chuva de Londres.

“Tempo? Isto para mim é o bom Verão norueguês”, atirou o atleta na conferência de imprensa após a conquista da medalha de ouro com o tempo de 48,35, à frente dos favoritos Copello e Clement. Warholm já tinha entrado na sala com um barrete com cornos muito típico dos vikings, mas a boa disposição com que encheu a pista após o triunfo, e que envolveu até saltos para a caixa de areia do Estádio Olímpico, estava mesmo para durar.

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Mas curioso mesmo foi a comparação que se tornou viral nas redes sociais entre a celebração do norueguês após cortar a linha de meta e o Grito, uma das grandes obras do compatriota Edvard Munch, um precursores do expressionismo alemã, datada de 1893. Afinal, esta foi a primeira medalha de ouro do atleta do país em Mundiais de atletismo desde 2009, quando Trond Nymark venceu a mais complicada das provas: os 50km marcha.

Mas quem é Karsten Warholm? Nascido em Ulsteinvik, contava no curto currículo apenas com um ouro no Europeus Sub-23 deste ano e com outro nos Mundiais Juniores de 2013 mas no octatlo. É verdade: até 2016, as grandes opções do atleta passaram pelo octatlo e pelo decatlo. No ano passado, foi às meias-finais nos Jogos Olímpicos; em junho, começou a escrever história ao terminar no primeiro lugar nos Bislett Games, em Oslo; agora, é campeão mundial sénior dos 400 metros barreiras. E o mais engraçado foi admitir há dois meses, sem problemas, que no meio de 50 jornalistas ninguém o tinha reconhecido no final da competição.

O site oficial da Federação Internacional de Atletismo descreveu-o antes dos Mundiais como “um vulgar, diário e extraordinário atleta”. Mas o norueguês tem tudo para ser muito mais do que isso. E gritar mais vezes de alegria.