A oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Altice, através da Meo, sobre a Media Capital “não é inoportuna”, diz a administração da empresa dona da TVI. No comentário à oferta lançada a 14 de julho, na sequência do acordo obtido com a Prisa para a compra de mais de 90% do capital da empresa portuguesa, a gestão da sociedade diz que a OPA “não afeta o normal desenvolvimento da Media Capital” e corresponde ao cumprimento do dever legal depois do acordo de venda da maior acionista.
Sobre a contrapartida, 2,5546 euros por ação — o negócio anunciado entre a Prisa e a dona da Meo envolve 440 milhões de euros — a Media Capital considera que é adequada, correspondendo ao preço mínimo fixado, mas entende ainda “como adequado um eventual aumento ou revisão em alta da contrapartida da oferta”. Isto apesar de se encontrar num intervalo de valorização da empresa que descreve como “razoável e apropriado”.
A administração da Media Capital, liderada por Rosa Cullell, analisa também a estratégia da Altice para a Media Capital, reconhecendo que permite que “sejam disponibilizados aos seus clientes conteúdos interessantes e experiências inovadoras, enquanto é assegurada a manutenção de uma plataforma aberta (os canais da TVI) a outros operadores de comunicação e outros fornecedores de plataformas”.
Apesar de o oferente se comprometer a garantir a integridade a empresa em especial no que concerne à independência editorial, a gestão não deixa de sublinhar:
O conselho de administração defende ainda que o grupo Media Capital deva manter e conservar sempre a independência editorial dos órgãos de comunicação social sob sua gestão, bem como, assim, a linha e estratégias editoriais que definem o estilo jornalístico e de comunicação seguido pelo grupo Media Capital e que o distinguem dos demais órgãos de comunicação social em Portugal.
A compra da Media Capital, dona da estação de televisão líder de audiências, pela principal operadora de telecomunicações, tem suscitado algum mal estar nos dois setores, com alguns responsáveis, sobretudo da rival NOS, a alertar para o carácter inédito desta operação a nível europeu.
Depois do futebol, a televisão. Onde vai parar a guerra entre Altice e NOS?
A aquisição terá de ser aprovada pela Autoridade da Concorrência e pelo regulador da comunicação, a ERC, que tem parecer vinculativo, mas ainda não foi notificada aos reguladores.
Nesta tomada de posição, a administração da Media Capital destaca ainda os investimentos em conteúdos portugueses e na expansão da estratégia digital da TVI, previstos no plano da Altice, e considera que a oferta terá um impacto positivo para os trabalhadores. Conclui assim que a operação é “oportuna e que as respetivas condições são adequadas”.