Quarenta e dois feridos, dezenas de pessoas retiradas das suas casas e 176 fogos ativos desde a meia-noite deste domingo. É este o último balanço feito pela Proteção Civil, num fim de semana em que se voltou a registar um número recorde de incêndios. O incêndio que lavra em Ferreira do Zêzere, distrito de Santarém, também obrigou à retirada de algumas pessoas de Dornes, e, em Figueiró dos Vinhos, arde a única freguesia que tinha resistido no incêndio de Pedrógão Grande, informou a Lusa.

O incêndio que começou hoje à noite em Castelo Branco lavra “com muita intensidade” e já entrou no concelho vizinho do Fundão, referiu o presidente da Câmara. “O fogo continua a progredir e já está no concelho do Fundão. Está a lavrar com muita intensidade”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia. Segundo o autarca, às 19h00 não havia localidades em perigo nem teve de se proceder à evacuação de aldeias por causa deste incêndio. “Esperemos que durante a noite se consiga controlar”, frisou.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, explicou que as chamas entraram no concelho por volta das 17h30, sendo que este lavra “em todo o limite entre o Fundão e Castelo Branco”. O autarca afirmou que os recursos estão a ser concentrados para controlar o incêndio “na cumeada entre o Fundão e Castelo Branco, num estradão que foi feito para corta-fogos”. Caso não seja possível controlar o fogo na zona de fronteira entre os dois municípios, “pode haver um conjunto de localidades” ameaçadas na freguesia de Souto da Casa, disse. De acordo com a página da Proteção Civil, consultada às 19h15, há 190 operacionais, 53 meios terrestres e três meios aéreos a combater as chamas.

O incêndio em Parada do Pinhão, no concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, que começou pelas 13h00 de domingo, foi esta segunda-feira extinto, indicou a Proteção Civil. O fogo entrou em conclusão às 3h16, decorrendo agora os trabalhos de rescaldo, disse à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Vila Real. De acordo com a página da ANPC, ainda se encontram no local 142 operacionais apoiados por 39 meios terrestres.

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O incêndio permanece com duas frentes ativas, tendo já passado pelas aldeias. Segundo a página da Internet da ANPC, estão mobilizados para este incêndio cerca de 230 operacionais e 60 viaturas.

A última atualização da Proteção Civil dá conta de várias aldeias evacuadas perto de Ferreira do Zêzere, que se tornou o incêndio que mais preocupação suscita às autoridades, a par com Carvalhosa, em Coimbra; Mealhada, em Aveiro; Ferreira do Zêzere e Vila do Rei, Santarém e Alvaiázere, em Leiria. Segundo Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção Civil, o fogo em Vila do Rei demonstrou esta tarde um “comportamento eruptivo” e foi necessário solicitar mais meios para garantir que as aldeias na linha de propagação do fogo estejam a salvo. Pelo menos sete aldeias foram evacuadas.

A Proteção Civil mandou também, já no fim da tarde de domingo, evacuar o lugar de São Sebastião, freguesia de Cabreiro, Arcos de Valdevez, como medida de precaução devido ao fumo causado pelo incêndio que deflagrou no sábado às 22.25, em zona de mato. Não há habitações em risco.

Os operacionais que estão a lutar contra o fogo tiveram de proceder “à defesa perimétrica de habitações” nas localidades de Vale do Prado e Brejo, no concelho de Figueiró dos Vinhos, face ao avanço do fogo que começou em Alvaiázere, distrito de Leiria. “Não foi preciso retirar pessoas”, acrescentou Patrícia Gaspar. Há também já uma cozinha de campanha cedida pelo exército para que os bombeiros possam repor os níveis de energia.

Portugal pediu acionou ontem à noite o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, mas até agora apenas a Espanha respondeu com o envio de três aviões e um corpo de bombeiros, que chegou de Madrid. A porta-voz da Proteção Civil, citada pelo jornal Público, diz que vários países estão também a braços com o problema dos incêndios.

Em Tomar, incêndio foi dado como dominado

O incêndio em Tomar, que lavrava há 20 horas, foi dado como dominado às 12h30, embora os meios de mantenham de prontidão, tendo em conta o risco de reativação. Desde quarta-feira, altura em que começou o fogo em Abrantes, seguido de outras ocorrências em vários concelhos, dezenas de pessoas foram retiradas das suas casas por causa das chamas.

Em Tomar, as chamas obrigaram à retirada de cerca de 80 pessoas das suas casas situadas em várias localidades. No Louriçal, distrito de Castelo Branco, foi evacuada uma unidade hoteleira, além de residentes de casas em nove localidades.

Segundo Patrícia Gaspar, o incêndio em Coimbra obrigou à retirada de 40 pessoas, que, entretanto, já regressaram às suas habitações. O fogo na Mealhada, distrito de Aveiro, obrigou à retirada de 16 idosos, e em Ferreira do Zêzere, distrito de Santarém, também se registaram pessoas deslocadas.

Este sábado foi o dia com mais incêndios registados até agora

Já este domingo, cerca de trinta pessoas foram retiradas das suas casas em localidades do concelho de Ferreira do Zêzere, Santarém, devido a um incêndio que permanecia ativo em quatro frentes e obrigou a autarquia a ativar o Plano Municipal de Emergência, disse o presidente da Câmara Municipal, Jacinto Lopes.

“Não temos propriamente aldeias evacuadas, temos várias localidades que foram evacuadas parcialmente, naquelas onde as pessoas quiseram sair”, declarou à Lusa Jacinto Lopes, acrescentando que esta retirada da população aconteceu em “seis a sete localidades”. De acordo com o autarca, “foram retiradas de casa cerca de 30 pessoas”.

O poder local, segundo Jacinto Lopes, aconselhou “algumas unidades hoteleiras para as pessoas saírem, para mais tarde não criarem uma situação de risco”. A informação mais recente na página Proteção Civil diz que este fogo está a ser combatido por mais de 400 operacionais e seis meios aéreos. Os aviões enviados por Espanha, ao abrigo do pedido de ajuda de Portugal, deverão ser canalizados para esta zona.

Quase 4.000 homens no terreno

Quase 4.000 operacionais combatiam ao início da tarde, 22 incêndios em Portugal Continental. Os fogos nos distritos de Leiria, Coimbra, Castelo Branco e Santarém eram os que mobilizavam mais meios, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil. Estavam 31 meios aéreos em ação.

Segundo o ‘site’ da Autoridade Nacional de Proteção Civil, o incêndio que deflagrou na sexta-feira em Alvaiázere, no distrito de Leiria, mobilizava 335 homens e era uma das ocorrências mais graves. Em Coimbra, o fogo que teve início na tarde de sábado em Carvalhosas, junto à praia fluvial do Mondego, em Torres do Mondego, era combatido por 281 bombeiros, apoiados por três meios aéreos.

Este incêndio, que mantinha várias frentes pelas 05:15, destruiu pelo menos uma casa de primeira habitação, provocando dois desalojados na aldeia da Lata, no concelho de Miranda do Corvo, disse o presidente da Câmara, Miguel Baptista, à agência Lusa, na noite de sábado. Devido a este fogo, a estrada nacional (EN) 17, vulgarmente conhecida por Estrada da Beira, continua cortada ao trânsito entre Ceira e Ponte Velha.

Em Cantanhede, também no distrito de Coimbra, o fogo foi considerado dominado, mas ainda estão 300 homens no terreno. As câmaras de Coimbra e de Cantanhede mantêm ativados os respetivos planos municipais de Emergência de Proteção Civil acionados na sexta-feira.

No distrito de Santarém, e para além de Ferreira do Zêzere, concentram também as atenções das autoridades Tomar, com o fogo já dado como dominado, e Abrantes. Nestes locais, há ainda centenas de operacionais a fazer trabalhos de rescaldo.

Mais a norte, os casos mais graves estão na Mealhada, distrito de Aveiro, onde estavam 213 homens a lutar contra um incêndio em floresta, e em Castelo Branco onde 178 homens que combatem as chamas em mato no Louriçal do Campo.