As projeções finais dão números demasiado próximos para que se possa já avançar com vencedores e vencidos nas chamadas “primárias legislativas” que se realizaram neste domingo na Argentina, destinadas a eleger os candidatos que depois poderão concorrer aos 24 assentos no Senado e a mais de metade da Câmara dos Representantes. Esta eleição está a ser lida como uma espécie de barómetro à ação do Presidente Mauricio Macri, que alguns acusam de estar a reverter o trabalho da ex-presidente Cristina Fernandez de Kirchner. Para ela, será uma forma de avaliar a popularidade e sondar a possibilidade de um regresso em força ao palco principal da política argentina onde permaneceu por oito anos.

Depois do fecho das urnas, escreve a Bloomberg, a aliança Cambiemos (“Mudemos”) de Macri estava a liderar na capital Buenos Aires e nas províncias de Cordoba, Mendoza e Santa Fé, as áreas com maior concentração populacional do país. Esta é uma escolha para eleger quem será depois candidato a senador e deputado, o que faz destas primárias uma espécie de primeira-volta daquilo que oficialmente só acontecerá dia 22 de outubro.

Mas a arena principal é mesmo Buenos Aires, que representa cerca de 35% do eleitorado, e onde a disputa é interpretada como uma antevisão do dia decisivo. O círculo da capital tornou-se particularmente disputado já que a própria Cristina Fernandez de Kirchner está na corrida, a par com Esteban Bullrich, da aliança do atual presidente Macri, e Sergio Massa, um independente próximo de Kirchner.

A teoria é que, se a diferença entre Kirchner e os seus oponentes for significativa, isso dar-lhe-ia mais força para voltar a tentar a presidência em 2019. Da mesma forma, seria um sinal de que as pessoas estão a rejeitar o plano de Macri, que assenta na contenção orçamental. Kirchner, por outro lado, tem criticado o fim de alguns dos subsídios sociais, nomeadamente um dos mais populares: a ajuda com as contas da eletricidade e do gás.

“O Cambiemos está a competir com um candidato desconhecido. Se uma figura como ela [Kirchner] não conseguir uma diferença de pelo menos dois pontos contra um ‘Zé Ninguém’ isso será uma clara derrota”, disse à Bloomberg Leonardo Chialva, um dos analistas da consultora financeira Delphos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR