O “futebolês” é propenso à utilização de chavões. Sempre foi. Quando se perde, é sempre tempo de levantar a cabeça. Quando se vence, o melhor é não embandeirar em arco. Ah, e pensar jogo a jogo, pois cada jogo é uma final. Isto depois de soar o apito final, pois claro. Antes, na antevisão do jogo, quem é favorito tende a dizer que não há adversários fáceis. Às vezes é um “mind game” — para retirar pressão aos seus e não “picar” o adversário –, outras um chavão. Uma coisa é certa: o Benfica não esperava o Chaves que teve pela frente esta noite.

Enquanto houve “pilhas” (e enquanto houve sobretudo Matheus Pereira) os flavienses foram tanto ou mais perigosos do que o Benfica, nem sempre com bola nos pés, mas sempre com foco na baliza de Varela. O problema é que as “pilhas” do Chaves só duraram uma parte, a primeira, esgotando-se cedo no decorrer da segunda. Insistia o Benfica, resistia o Chaves — então nas “cordas” –, escasseavam os remates dos visitantes, os da casa tombavam sobre o relvado que nem tordos e o cronómetro no pulso de Jorge Sousa seguia, seguia…

Lá iremos, ao derradeiros minutos em Trás-os-Montes. Antes há que explicar o porquê de o Chaves ter mandado para lá do Marão. A primeira ocasião de golo até foi para o Benfica. Logo aos oito minutos. Pizzi transporta a bola desde a defesa, prontamente a coloca mais à direita em André Almeida, André desmarca Salvio à sua frente, o argentino entra na área, dribla Nuno André Coelho e remata de pé esquerdo. Ricardo defende a custo. Depois, o Chaves. Sempre com Matheus Pereira a “ensaboar” a defesa do Benfica — e os rins de Eliseu a sofrerem a bem sofrer com a ginga do brasileiro.

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Eis um exemplo: aos 22′, Matheus “entorta” Eliseu na direita, ameaça que cruza, não cruza logo, cruzaria depois — e já com Eliseu fora do lance –, encontra Jorginho na área, rematando o extremo do Chaves à meia volta. Foi um remate mais para “a fotografia” do que perigoso. Varela segurou. Antes do intervalo, aos 34′, outra vez Matheus. Vindo da direita para o centro, deixou Eliseu para trás, driblou quem mais havia para driblar e rematou forte. Varela encaixaria o remate do brasileiro.

Após o intervalo, aos 48′, o Chaves até começou melhor. Paulinho sobe pela direita, Eliseu não estava lá, o lateral do Chaves cruza à vontade, na área André Almeida falha o corte de cabeça, a bola segue até Jorginho, que remata de pronto. O remate ainda toca de raspão em Luisão, Varela estica-se todo e faz uma defesa in extremis rente ao poste. Depois, pufffff, acabou-se a “pilha” do Chaves. E o Benfica, enfim, cresceu. Aos 48′, Salvio cruza à direita, Jonas recebe o cruzamento rasteiro à entrada da área, estava só, rodopiou, tiraria as medidas à baliza e rematou mais em jeito do que força para o lado esquerdo. Ricardo estava batido, a bola acerta no poste.

Era ele, Jonas, quem mais ordenava, ora a rematar, ora a assistir. Como aos 61′, quando transportou a bola para a frente, desmarcou Cervi à esquerda, o argentino entrou na área e, lá chegado, rematou forte e cruzado. Ricardo defenderia (que defesa foi!) com a bota esquerda, “à andebol”.

À frente de Jonas era Seferovic o mais adiantado dos benfiquistas sobre o relvado. Mas raramente se viu. Onde ele estava, estava o central Nuno André Coelho — que ora se antecipava e surripiava a bola ao suiço, ora não evitava que o ponta-de-lança recebesse a bola mas conseguiu sempre evitar-lhe o remate à baliza no derradeiro instante. Foi assim o tempo todo. Ou quase. Aos 92′ (Jorge Sousa deu seis minutos de tempo extra) Pizzi desmarca Rafa na direita, um passe longo, muito longo, preciso como os de Pizzi são sempre, o avançado português cruzou para o primeiro poste, Seferovic (pela primeira vez) ganhou a frente a Nuno André Coelho, saiu-lhe do “bolso” e rematou entre as pernas de Ricardo.

É o terceiro golo de Seferovic em jogos oficiais pelo Benfica. Na época transata, então no Eintracht Frankfurt, precisou de quinze jogos para conseguir tal soma. Desde a temporada 2014/15 (quando chegou aos onze golos pelo clube de Frankfurt) que Seferovic não marcava em três jogos consecutivos.