O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção, começa esta quinta-feira uma viagem pelo nordeste do Brasil em clima de pré-campanha para as próximas eleições presidenciais.

Nesta viagem, Lula visitará a região Nordeste, zona mais pobre do país, para tentar recuperar o seu capital político.

Lula da Silva, um dos líderes mais carismáticos do Brasil, ainda não definiu se concorrerá novamente ao cargo de Presidente nas eleições de 2018, mas nos últimos meses adotou um tom de “candidato” enquanto um cerco judicial impulsionado por denúncias de corrupção se apertava contra ele.

O líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), de 71 anos, que falava numa entrevista a uma emissora do Estado de Santa Catarina, disse que irá “ouvir às necessidades das pessoas” e que deve percorrer mais de 3.000 quilómetros.

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O PT comparou esta iniciativa com as “Caravanas de Cidadania”, um projeto semelhante que Lula da Silva desenvolveu antes das presidenciais de 1992 e 1994, que ele perdeu, mas que deram proeminência nacional à sua imagem política.

A primeira fase do “Projeto Lula para o Brasil” começará em Salvador, capital do Estado da Bahia, e termina a 05 de setembro na cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão.

Entre uma e outra data, Lula da Silva visitará cerca de vinte cidades em nove Estados brasileiros do Nordeste para ver as “mudanças” ocorridas durante os 13 anos de Governo do PT, que ocupou a Presidência do país de 2003 até à destituição de Dilma Rousseff, em 2016.

A presença de Lula da Silva no Nordeste do Brasil terá um reforço da segurança por receio de que aconteçam possíveis protestos organizados por grupos que se opõem ao ex-Presidente, que lidera quase todas as sondagens de opinião sobre as eleições de 2018.

O PT, enfraquecido por envolvimento de seus membros em esquemas de corrupção e pela crise económica brasileira, ainda não decidiu o nome de seu candidato para 2018, mas Lula da Silva não esconde as suas intenções e já reiterou em várias ocasiões que “está disposto” a defender o legado do partido.

A sua candidatura, porém, não depende apenas da sua vontade. De acordo com as leis eleitorais brasileiras, é possível concorrer a cargos públicos mesmo com condenação em primeira instância, mas se essa sentença for confirmada por um tribunal superior, a candidatura não pode ser aceite.

Lula da Silva vem sendo encurralado pela Justiça brasileira e, em julho passado, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de pressão por crime de corrupção e branqueamento de capitais, uma sentença da qual apela em liberdade, mas que ameaça a candidatura.

O ex-Presidente responde a quatro outras ações judiciais, a maioria relacionadas aos casos de corrupção na Petrobras.

O ex-chefe de Estado, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, nega que seja culpado das denúncias e alega ser vítima de perseguição política.