A revolta dos CEO — como está a ser apelidada pela imprensa norte-americana — contra a reação de Donald Trump à violência de Charlottesville conta com mais um movimento de força, as tecnológicas. A comunidade de Silicon Valley juntou-se às manifestações contra os grupos neonazis, removendo vários supremacistas brancos dos seus serviços. Foi o que aconteceu na rede social Twitter, no serviço de música Spotify ou na empresa de segurança Cloudfare, conta a Reuters.

O Facebook, a Alphabet (empresa mãe da Google) e a empresa de registo domínios GoDaddy já tinham acionado medidas contra grupos de ódio no início da semana. Na terça-feira, a GoDaddy fechou o site neo-nazi Daily Stormer, deixando-o sem domínio. O site ainda ficou disponível durante algum tempo na Google, mas acabou por desaparcer da internet.

A reação das tecnológicas surge depois de, no fim de semana, mais de 6.000 pessoas terem participado naquela que foi a maior marcha de extrema-direita das últimas décadas, em Charlottesville, nos EUA, organizada sob o lema “Unir a Direita”. A marcha culminou com um jovem de 20 anos com ligações à extrema-direita pegou a investir, de carro, contra uma multidão que se manifestava contra a marcha. Uma mulher de 32 anos morreu e várias pessoas ficaram feridas. Na reação aos incidentes, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que “há culpa dos dois lados”.

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Na sequência das declarações polémicas de Trump, foram sete os líderes de grandes empresas e de sindicatos que se demitiram dos conselhos consultivos de Trump, como Kenneth Frazier, (Merck), Kevin Plank (Under Armour) ou Brian Krzanich (Intel). Estas demissões somaram-se às de Elon Musk (Tesla), que tinha saído na sequência do Acordo de Paris, bem como Bob Iger (Disney) e Travis Kalanick (Uber), que saíu após as restrições de imigração para alguns países do Médio Oriente.

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Na quarta-feira, o fundador da Cloudfare, que aloja cerca de 6 milhões de sites, enviou um email aos colaboradores a explicar que tinha acordado de “mau humor” e que tinha decidido “bani-los [aos membros do Daily Stormer] da internet”.

O Daily Stormer foi um dos organizadores das manifestações de extrema-direita de Charlottesville. Apesar de a GoDaddy e a Google Domains terem banido a página da internet, o site neo-nazi conseguiu um domínio na Rússia que lhe permitiu continuar ativo com a terminação “.ru”, mas por pouco tempo. O Twitter também suspendeu a conta do site. O fundador do site, Andrew Anglin, escreveu na Gab, uma rede social que é muito usada pelos neo-nazis, que o Daily Stormer voltaria em breve.

Na sequência da revolta dos CEO, Donald Trump decidiu dissolver os dois conselhos consultivos — o Conselho para a Indústria e o Fórum para Estratégia e Políticas —, escrevendo num tweet que “em vez de colocar pressão nos empresários do Conselho para a Indústria e do Fórum para a Estratégia e Políticas, vou acabar com ambos”.

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