Desmentidos oficialmente os rumores de que alguns dos principais construtores automóveis chineses estariam em interessados em comprar o grupo ítalo-americano Fiat Chrysler Automobiles (FCA), surge agora a notícia de que a marca chinesa de veículos de todo-o-terreno Great Wall estará interessada em adquirir, não a FCA, mas uma das suas marcas – a norte-americana Jeep. Tendo, inclusivamente, iniciado já contactos com o objectivo de arrancar com possíveis negociações.

Segundo avança o site Automotive News Europe, o interesse da Great Wall, construtor fundado em 1984 que, hoje em dia, é o sétimo maior fabricante automóvel chinês, com 3,8% de quota de mercado, graças também à marca Haval, centra-se apenas e só na Jeep. Fabricante que, só em 2016, terminou o ano com 1,41 milhões de carros vendidos, um terço dos quais transaccionados fora dos EUA.

A presidente da Great Wall, Wang Fengying, é apontada pela revista Fortune como a sétima mulher mais poderosa da Ásia

Já da parte da FCA, actual proprietária da marca, a posição oficial inicial foi de desmentir, ainda na passada segunda-feira, qualquer contacto da parte da companhia chinesa. Posição que, no entanto, acabou tendo da parte da presidente da Great Wall, Wang Fengying, um reafirmar público do interesse, garantindo, num e-mail enviado à Automotive News americana, que deu já início a contactos com os responsáveis da FCA, com vista à realização de negociações para a compra da Jeep.

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Segundo refere a mesma publicação, não é surpreendente que a Great Wall pretenda adquirir apenas a Jeep, e não marcas como a Fiat, a Chrysler, a Dodge ou a Ram, já que são vários os analistas a defenderem que o histórico fabricante de todo-o-terreno é, sem dúvida, a mais valiosa das marcas pertencentes ao actual portefólio da FCA. Valendo mesmo mais do que todas as restantes marcas do grupo, em conjunto.

Aliás, a demonstrar igualmente o peso da marca que nasceu durante a II Guerra Mundial, basta recordar as declarações do CEO da FCA, Sergio Marchionne, que em Abril último, e ainda antes de dizer o mesmo relativamente à Alfa Romeo e à Maserati, admitia a hipótese de vir a fazer da Jeep um fabricante independente.

Já da parte da Great Wall, um porta-voz, Xu Hui, esclareceu, já depois das palavras da sua presidente à Automotive News Europe, que a estratégia chinesa passa por fazer da Great Wall “ o maior fabricante mundial” de SUV. “Adquirindo a Jeep, tornar-se-á mais fácil e rápido atingir esse objectivo”, completou.

Mas a Great Wall poderá não estar sozinha na corrida, caso a FCA esteja na disposição de ver partir a Jeep. Segundo refere a mesma publicação, também a General Motors, que em 2015 recusou uma fusão com o grupo ítalo-americano, poderá vir a avançar para a marca de todo-o-terreno, como forma de preencher o vazio deixado com o fim da Hummer, em 2010.

E também o hoje em dia maior construtor automóvel mundial, o Grupo Volkswagen, poderá vir a ter uma palavra sobre assunto. Avançando para a aquisição (também) como forma de recuperar alguma da imagem (e posição) em terras do Tio Sam, hoje em dia desgastada devido aos efeitos do chamado Dieselgate.