As Nações Unidas estão preocupadas com as manifestações racistas nos Estados Unidos e emitiram um raro aviso prévio ao país, instando os responsáveis norte-americanos a condenar de forma inequívoca e incondicional os crimes e as manifestações racistas em Charlottesville e no resto do país, e criticando a resposta da administração Trump no seguimento dos acontecimentos em Charlottesville.

Numa declaração rara relativamente aos Estados Unidos, o Comité para a Eliminação da Discriminação Racial das Nações Unidas emitiu um aviso prévio aos Estados Unidos a pedir medidas e mudança no discurso. Normalmente, este tipo de avisos são emitidos quando há receios de um conflito religoso ou étnico e têm sido emitidos para países como a Costa do Marfim, a Nigéria, o Iraque, o Quirguistão ou o Laos. Os Estados Unidos receberam o seu último aviso do género em 2006, apenas respeitante, e após pedido expresso, ao direito ao território de tribos de índios.

Os responsáveis da ONU estão preocupados com as recentes manifestações de grupos de extrema-direita, em especial com os eventos de Charlottesville que terminaram com a morte de uma mulher depois de um extremista ter avançado com um carro sobre uma contra-manifestação.

A ONU diz-se alarmada com as demonstrações racistas com a participação de grupos de nacionalistas brancos, neo-nazis e do Klu Klux Klan, que incitam ao ódio e à discriminação racial, mas também deixa um ataque, ainda que não citando nomes, à administração norte-americana pela sua resposta depois destes acontecimentos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“[O Comité está] perturbado com o fracasso dos mais altos responsáveis dos Estados Unidos na rejeição e condenação inequívoca dos acontecimentos e demonstrações racistas violentas lideradas pelos grupos citados, o que pode potenciar a proliferação do discurso e dos incidentes racistas”, diz o Comité, que sublinha ainda estar preocupado com o exemplo que o fracasso da administração norte-americana pode dar para o resto do mundo.

Por essa razão, o Comité insiste que a administração norte-americana tem de condenar “de forma inequívoca e incondicional” o racismo e a incitação ao ódio, de tomar medidas para apurar as causas do aumento do número de manifestações racistas e da sua intensidade e de investigar o fenómeno de discriminação racial, especialmente contra o povo afro-americano.

As Nações Unidas deixam ainda um aviso: a Liberdade expressão, associação e manifestação pacifica não pode ser exercido com o objetivo de destruir ou negar os direitos e liberdades dos outros, e não pode ser usado para promover o racismo e a incitação ao ódio.