Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM Empresas / Impresa Seguir Revista Visão em risco de fechar. Impresa vende revistas O Expresso vai manter-se, mas a revista Visão poderá estar em risco de acabar, bem como outras publicações da Impresa. Grupo quer vender revistas até ao final do ano. Rita Ferreira Texto Ana Suspiro Texto Agência Lusa Texto 23 Ago 2017, 17:02 1589 i Hugo Amaral Hugo Amaral A administração do grupo Impresa comunicou esta quarta-feira a intenção de encerrar a revista Visão, avança o jornal Público. Isso, sabe o Observador, acontecerá caso não seja possível vender o título até ao final do ano.À exceção da SIC e do semanário Expresso, todas as outras publicações detidas pelo grupo estão em risco: a Caras, a Caras Decoração, a Activa, a Visão Júnior, a Visão História, a Exame, a Exame Informática, a Telenovelas, a TV Mais, a Blitz, o Courier Internacional e o Jornal de Letras. Foi referida a possibilidade da revista ser vendida fora do pacote, considerando que existem potenciais interessados. De acordo com o Dinheiro Vivo haverá três potenciais compradores para os títulos da Impresa na área das revistas.A redação da revista Visão esteve esta quarta-feira reunida em plenário, onde foi informada dos planos da administração. O conselho de redação da revista lamentou a “profunda alteração estratégica” da Impresa numa altura de “recuperação assinalável” e solidarizou-se com a direção editorial da revista para “procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação”. Numa nota enviada à redacção da Visão a que a Lusa teve acesso, o CR lamentou “as incertezas” que esta decisão da administração da Impresa “acarreta sobre o futuro quase imediato das revistas do grupo”.Neste sentido, “os membros eleitos do CR entendem ser seu dever solidarizar-se com a direcção editorial da Visão na sua tentativa de procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação”, que conta já com 24 anos de existência e que “é líder no seu segmento de mercado”. O órgão que representa os jornalistas da Visão disse ainda acreditar que “esta equipa editorial continuará a dar provas da qualidade e profissionalismo”. Um comunicado enviado pelo presidente executivo Francisco Pedro Pinto Balsemão, filho do presidente e fundador do grupo, esclarece que a Impresa “procederá a um reposicionamento estratégico da sua atividade” que irá focar-se nas “componentes do audiovisual e do digital”, em detrimento do “setor das revistas”.A prioridade passa por continuar a melhorar a situação financeira do Grupo, assegurando a sua sustentabilidade económica, e logo a sua independência editorial”, pode ler-se ainda.Os diretores das revistas afetadas foram informados da decisão esta quarta-feira, numa reunião com a administração do grupo Impresa, presidido por Francisco Balsemão. Na reunião, ficou também a saber-se que o Expresso e a SIC se mantêm no grupo Impresa. Emissão de dívida cancelada pressionaEste anúncio surge semanas depois de a Impresa ter cancelado uma emissão obrigacionista de 35 milhões de euros depois de ter adiado por duas vezes o prazo da operação. Estes títulos destinavam-se a investidores institucionais, mas não houve procura suficiente para avançar com a emissão cujo valor inicialmente previsto era até mais elevado.Na altura, a empresa justificou o cancelamento, “atendendo às alterações recentes no sector dos media e ao impacto resultante no sentimento da comunidade de investidores”. Era uma referência ao negócio de compra da Media Capital pela Altice, anunciado nessa semana, que levou até a uma valorização das ações no setor dos media. Na altura, a Impresa valorizou à boleia da expetativa de qual poderia ser a resposta da NOS à Altice. Alguns analistas admitiram uma aproximação da operadora de telecomunicações da Sonae e de Isabel dos Santos à Impresa, mas sublinhando que o apetite pelos conteúdos estaria focado no setor audiovisual, ou seja, na SIC. O principal objetivo da nova emissão de obrigações a realizar este ano era reembolsar os títulos que vencem já em 2018, pelo que a sua não concretização veio trazer mais pressão à liquidez da Impresa que avança agora com uma reestruturação da área das revistas, aquela que tem perdido mais receitas.O grupo Impresa teve uma diminuição de cerca de 7,6% das receitas, no segundo trimestre deste ano, em relação ao período homólogo de 2016. As receitas de publicidade tiveram também uma queda de cerca de 11,9% — o que contribuiu para a diminuição das receitas. No primeiro semestre o cenário tinha sido semelhante. Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Impresa revelou que as receitas consolidadas caíram 5,5% nesse período. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) já reagiu e manifestou “preocupação com a agitação no grupo Impresa”. A Direção do SJ solicitou uma reunião urgente com o presidente do Conselho de Administração do grupo “para que sejam prestados esclarecimentos”.O SJ lamenta que, neste quadro, o Conselho de Administração não tenha em conta a situação laboral de cerca de duas centenas de trabalhadores”, pode ler-se no comunicado publicado no site.Francisco Pedro Pinto Balsemão, filho do presidente e fundador do grupo, foi nomeado presidente executivo, no início do ano passado, substituindo Pedro Norton.A Impresa tinha no final do ano um passivo bancário de cerca de 160 milhões de euros. O maior credor era o BPI, agora liderado pelo espanhol CaixaBank, com financiamentos correntes e não correntes de 85,3 milhões de euros, seguido do Novo Banco e Haitong (ex-BESI), via uma empréstimo obrigacionista. O BPI detinha no final de 2016 uma participação qualificada de 4% na holding de Pinto Balsemão.