Um agente da polícia na Bélgica alertou um elemento dos Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha, para a possibilidade de o Abdelbaki es Satty, imã de Ripol e alegado cérebro por trás dos atentados de Barcelona, querer mudar-se para Espanha. A troca de correspondência passou-se em janeiro de 2016, depois de os dois colegas se terem conhecido num congresso internacional de contra-terrorismo.

“Queria pedir-te se há a possibilidade de te perguntar sobre uma pessoa que quer trabalhar aqui, em Vilvoorde, como imã”, escreveu o polícia belga, numa troca de correspondência a que a EFE teve acesso e o que El Mundo reproduz. Noutra mensagem, o agente belga referiu ainda que o imã também queria ir para Barcelona. “Sei que ele está a planear ir para Barcelona em fevereiro que tem mulher aí. Quanto mais informação puderes partilhar sobre este indivíduo, melhor!”, escreveu.

Mais tarde, a 8 de março, o polícia espanhol terá respondido que não tinha informação sobre Abdelbaki es Satty. Segundo o El Mundo, isso significa que o agente em questão não terá consultado o Ministério do Interior neste processo. Isto porque em 2006, na operação Chacal, foi detido Mohamed Mrabet, recrutador de islamistas, que tinha ligações a Abdelbaki es Satty.

Numa conferência de imprensa, o conselheiro do Administração Interna da Catalunha, Joaquim Forn, sublinhou que a troca de correspondência foi “absolutamente informal” e que “em nenhum momento nos constou que [es Satty] estivesse sob investigação e fosse perigoso”. “Se nos tivesse alertado para ele, teríamos agido de outra maneira”, acrescentou.

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Bélgica já tinha comunicado a Espanha suspeitas sobre imã de Ripol

Estes não foram os únicos contactos entre autoridades belgas e espanholas a alertar para Abdelbaki es Satty. Na quarta-feira, já tinha sido noticiado que o imã de Diegem, uma localidade vizinha a Vilvoorde, já tinha alertado as autoridades locais para Abdelbaki es Satty, dizendo que era “um homem estranho” que se “auto-proclamava imã” embora não tivesse “nenhum papel que o comprovasse”. Foi isso que contou Hans Bonte, autarca de Vilvoorde, à agência Efe.

O imã de Diegem chegou também a contactar as autoridades espanholas. Hans Bonte referiu que foram também feitos “muitos contactos da Polícia Federal e da polícia de Vilvoorde com as forças de segurança de Barcelona”. Porém, naquelas declarações à Efe, não detalhou quais eram as forças de segurança que tinham sido contactadas.