O Presidente norte-americano, Donald Trump, vai repor um programa que prevê o fornecimento a departamentos de polícia locais de mais equipamento militar como armas de alto calibre e lançadores de granadas.

A administração Trump vai recuperar esse programa apesar de anteriores preocupações de que veículos blindados e outro material estariam a inflamar confrontos com manifestantes. O anúncio, feito esta segunda-feira pelo procurador-geral, Jeff Sessions, foi recebido com fortes aplausos numa convenção nacional da Ordem Fraternal da Polícia, um dos grupos que há muito instavam Trump a restaurar o programa militar.

O plano vai “garantir que têm acesso a equipamento de proteção de que precisam para fazer o vosso trabalho e enviar uma forte mensagem de que não permitiremos que a atividade criminosa, a violência e a ilegalidade se tornem o novo normal”, disse Sessions perante a audiência em festa.

Trump planeia assinar uma ordem a retirar as limitações da era Obama ao acesso dos corpos policiais a uniformes de camuflagem, coletes à prova de bala, escudos antimotim, armas de fogo, munições e outros itens. Tais mudanças são outra das formas que Trump e Sessions estão a usar para impor uma agenda de “lei-e-ordem” que encara o apoio federal às polícias locais como essencial para reduzir a criminalidade violenta.

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Grupos de todo o espetro político expressaram preocupação relativamente à militarização da polícia, argumentando que o equipamento encoraja uma escalada no confronto com os agentes policiais. Mas muitos corpos de polícia e organizações policiais veem-no como necessária para assegurar que os agentes não são colocados em perigo quando respondem a emergências envolvendo atiradores em ação e ataques terroristas.

Um veículo blindado desempenhou um papel fundamental na resposta policial ao assassínio em massa de San Bernardino, Califórnia, em dezembro de 2015. O Congresso autorizou esse programa do Pentágono em 1990, permitindo à polícia receber equipamento adicional para ajudar no combate às drogas, o que depois deu lugar à luta contra o terrorismo.

Enquanto chefe de Estado, Barack Obama emitiu em 2015 uma ordem executiva que limitava o programa de forma acentuada, em parte devido à indignação da opinião pública pelo uso de material militar durante protestos em Ferguson, Missouri, depois de Michael Brown, de 18 anos, ter sido abatido a tiro.

Quando a polícia apareceu, fê-lo envergando equipamento antimotim e utilizou gás lacrimogéneo, cães e veículos blindados, apontando igualmente espingardas automáticas aos manifestantes.

A ordem de Obama proibia o Governo federal de fornecer à polícia lançadores de granadas, baionetas, veículos blindados, aeronaves e veículos armados e armas de fogo e munições de calibre 0,50 ou superior. “Essas restrições foram longe de mais”, comentou Sessions, acrescentando: “Não colocaremos preocupações superficiais acima da segurança pública”.