A greve que decorre nesta quarta-feira na Autoeuropa “é prejudicial à empresa, aos seus trabalhadores e ao país” e “vem colocar na ordem do dia a necessidade de rever a lei da greve quanto às condições que devem legitimar a sua convocação e quanto à necessidade das decisões serem tomadas por voto secreto“. Esta é a opinião do Forum para a Competitividade sobre a paralisação laboral que foi agendada para hoje na fábrica da Volkswagen, em Palmela, e que a entidade liderada por Pedro Ferraz da Costa considera ter sido convocada “por um plenário organizado por estruturas sindicais alheias à Autoeuropa”.

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Através de um comunicado a que o Observador teve acesso, intitulado “PREC na Autoeuropa?”, o Forum para a Competitividade recorda que o acordo entre a administração da empresa e a comissão de trabalhadores sobre “um novo quadro de organização do tempo de trabalho e respectivas compensações, em tempo de descanso e acréscimo de remunerações”, que visava ajustar a fábrica aos objetivos de produção de um novo modelo, o T-Roc, foi chumbado em plenário realizado no final de julho passado, decisão que originou a demissão do órgão representativo dos trabalhadores da fábrica da VW. Na sequência deste evento, “o SITE Sul, sindicato da CGTP, e o próprio secretário geral desta confederação sindical procuram aproveitar a vaga populista da greve para forçar negociações imediatas entre os sindicatos e a administração”, refere o comunicado.

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O Forum considera “provável” que a gestão da Autoeuropa “aguarde que seja eleita uma nova CT [comissão de trabalhadores] para renegociar o acordo alcançado, não pondo em causa o modelo de relações industriais baseado na negociação directa com uma CT eleita, que tão bons resultados proporcionou no passado”. Aquele modelo, qualificado como “benéfico” e um “factor de progresso” por via de iniciativas como o banco de horas, “está em causa” com a greve desta quarta-feira, a primeira em 22 anos na empresa, e a paralisação “tem por finalidade reforçar a posição da CGTP nessa discussão, de que se sentiu arredada pela prática negocial da CT“, acusa a organização.

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O T-Roc, um novo sport utility vehicle (SUV) da VW, “é essencial para o futuro da Autoeuropa, que chegou a produzir quase 140.000 carros (em 1998) e que em 2016 produziu apenas 85.131”, afirma a nota do Forum para a Competitividade, recordando que “boa parte do potencial de crescimento de Portugal assenta” no sector automóvel. “A contribuição da empresa para as exportações diminuiu de 12% do total das exportações portuguesas em 1997 para 3% em 2016″, enquanto o emprego baixou apenas de 4.000 para 3.295 no mesmo período”, o que leva a organização a sublinhar que “o T-Roc é a oportunidade para a Autoeuropa aumentar a produção para níveis nunca alcançados, de 240.000 unidades”, objetivo que implica ajustamentos “ao novo paradigma de produção, incluindo alguns sacrifícios pessoais da sua força de trabalho actual, com as devidas contrapartidas e reforço da sustentabilidade do seu emprego”.