O Brasil encerra esta quinta-feira a sua presença no Haiti após 13 anos a liderar militarmente a Missão das Nações Unidas para a Manutenção no Haiti (MINUSTAH), divulgou a imprensa brasileira. De acordo com o portal de notícias G1, a MINUSTAH foi a quinta missão de paz na ONU no país, tendo sido iniciada em 2004, após um golpe que provocou a renúncia do então Presidente Jean-Bertrand Aristide.

A missão da ONU teve início com uma operação multinacional coordenada por Estados Unidos e Canadá, que ficou dois meses até que o Brasil fosse politicamente e militarmente convocado para chefiar a segurança, sob a égide das Nações Unidas. O embaixador brasileiro Paulo Cordeiro, que chefiou a presença brasileira em solo haitiano desde o início da missão de paz até 2008, concorda que “é hora de o Haiti andar com as próprias pernas”.

Segundo o portal de notícias, nas ruas de Port-au-Prince, a capital haitiana, um misto de incerteza e alívio divide os habitantes após a decisão das Nações Unidas de encerrar a missão de paz, há 13 anos no país. O comandante militar da operação internacional, o general brasileiro Ajax Porto Pinheiro, entende que um dos principais legados da ONU para o Haiti foi a formação da Polícia Nacional Haitiana (PNH). Pinheiro crê que a polícia está reestruturada e bem equipada, capaz de fazer frente no caso grupos armados tentem retomar território nas favelas.

A ONU nem cogita a possibilidade de voltar, pois se tivermos de voltar, foi porque falhamos“, admitiu Pinheiro. “O ambiente seguro e estável que existe agora é o maior legado que deixamos. São 13 anos em que a paz trouxe empresas, emprego, renda e maior qualidade de vida. Sem isso certos negócios não teriam sido abertos aqui”, disse o general.

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Pinheiro disse que nunca viu o Haiti tão calmo, referindo que “as coisas voltaram a funcionar após a eleição do novo Presidente”, Jovenel Moise, em janeiro.

A MINUSTAH foi a única operação da ONU comandada sempre por um único país, no caso, o Brasil. Entre 2005 e 2007, as tropas brasileiras realizaram operações para pacificar as três principais favelas de Port-au-Prince, Bel Air, Cité Militare e Cité Soleil, esta última considerada um reduto de ‘chiméres’, grupos armados ligados a Aristide. A Cité Soleil foi a última área entregue pelo Brasil ao Haiti e, desde o início de julho, a favela está sob a vigilância da PNH.

A recuperação do país foi muito afetada pelo forte terremoto em 2010, que provocou cerca de 300 mil mortos. Desde então, os países parceiros tentam, em vão, retomar a economia haitiana. A passagem de furacões e fortes tempestades pelas Caraíbas nos últimos anos só atrapalhou a recuperação.

Em abril, a ONU decidiu encerrar a missão, alegando que havia feito a sua parte e que as tropas deixarão oficialmente o país até 15 de outubro. A partir de então, uma nova missão será criada, agora com 1.275 polícias internacionais para apoiar, até 2021, a formação da PNH, que não é ainda respeitada pelo povo.

Na missão da ONU também estavam integradas tropas da Argentina, Benim, Bolívia, Canadá, Espanha, França, Índia, Marrocos, entre outras.