A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou esta terça-feira que os enfermeiros que pretendem ver reconhecida a sua especialização estão a lutar pela qualidade do Serviço Nacional de Saúde e não contra o Governo.

Estão a lutar pela qualidade do Serviço Nacional de Saúde e, nesse sentido, estão a lutar pelo acesso à saúde de toda a população. Tenho esperança que as negociações com o ministro da Saúde decorram da melhor forma e que se encontrem soluções mais cedo e não mais tarde”, afirmou Catarina Martins.

Sublinhando que os enfermeiros que pretendem ver reconhecida a sua especialização ou os jovens médicos que pretendem ter acesso à especialidade “não estão a lutar contra o Governo”, a coordenadora do BE considerou que o ministro da Saúde tem muitos assuntos por resolver num setor essencial e que não pode ficar muito mais tempo à espera de soluções.

O ministro da Saúde tem muitos assuntos por resolver e era essencial que os começasse a resolver. É sabido que o BE tem uma visão em muitas matérias divergente do ministro da Saúde, nomeadamente na forma como continua a olhar para o setor privado como sendo um setor que deve ter apoio público, enquanto nós consideramos que, pelo contrário, é preciso reforçar o Serviço Nacional de Saúde e o setor privado tem sido um problema para esse reforço”, alegou.

Em declarações aos jornalistas no final de uma visita à Casa de Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, Catarina Martins admitiu, contudo, que as divergências com o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, já são conhecidas.”Sobre os profissionais do Serviço Nacional de Saúde é também verdade que há problemas que não tendo sido criados por este Governo, na verdade este Governo ainda não resolveu. Outros estão atrasados e nós precisamos de um Serviço Nacional de Saúde capaz de responder à população”, acrescentou.

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Referindo-se ao contacto que mantém nas deslocações a vários sítios país, Catarina Martins disse ainda que as pessoas pretendem um reforço do Serviço Nacional de Saúde.

O Serviço Nacional de Saúde está a precisar de outro tipo de resposta, de reforço tanto do ponto de vista de meios técnicos como de meios humanos. Este é um setor absolutamente essencial, que não pode ficar à espera muito mais de soluções”, concluiu.

O Sindicato dos Enfermeiros entregou no fim de agosto um pré-aviso de greve nacional para os dias 11 a 15 de setembro pela introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) avisou na segunda-feira a Ordem dos Enfermeiros que “não é legalmente possível” a suspensão da inscrição na Ordem como enfermeiro especialista “sem que haja suspensão da inscrição como enfermeiro”.

Marcelo defende diálogo no protesto dos enfermeiros e recebe ordens da saúde

Enfermeiros de quatro especialidades diferentes manifestaram intenção de entregar os seus títulos de especialista, em protesto contra a falta de pagamento correspondente à atividade profissional, sendo que, de acordo com a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, em declarações à agência Lusa, vários enfermeiros com especialidade de Saúde Materna já pediram a suspensão dos títulos, ainda que o número de pedidos só deva ser conhecido no fim desta semana.

Enfermeiros especialistas de saúde materna e obstetrícia, em particular, estão em protesto há mais de uma semana, não cumprindo as funções especializadas pelas quais alegam não ser pagos. O protesto seguiu-se a outro, nos mesmos moldes, ocorrido em julho, e que foi interrompido para negociações com o Governo.