O ex-ministro brasileiro Antonio Palocci disse esta quinta-feira que o Partido dos Trabalhadores (PT) tinha um “pacto de sangue” com a Odebrecht e que a empresa destinou 300 milhões de reais (81,1 milhões de euros) ao partido em troca de favorecimento nos contratos da Petrobras.

A informação foi confirmada por Adriano Bretas, um dos advogados do ex-ministro.

Na tarde desta quarta-feira, Palocci prestou depoimento perante o juiz Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos em primeira instância da operação Lava Jato, num processo que investiga se o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu indevidamente da Odebrecht um terreno que seria doado ao Instituto Lula e de um imóvel vizinho ao seu apartamento, em São Bernardo do Campo.

O ex-ministro também teria dito que participou nas negociações para o pagamento destes subornos e, segundo o mesmo defensor, acrescentou que Lula da Silva recebeu quatro milhões de reais (um milhão de euros) em dinheiro vivo da Odebrecht.

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António Palocci foi ministro das Finanças no Governo de Lula da Silva e também ocupou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato da ex-Presidente Dilma Rousseff.

Numa mensagem publicada na rede social Facebook, a assessoria de comunicação de Lula da Silva rebateu o depoimento dizendo que a história que Palocci contou é “contraditória”.

A publicação diz que a confissão e a acusação que Palocci fez contra Lula da Silva só se compreende porque o ex-ministro está preso e busca negociar um acordo com o Ministério Público brasileiro “que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-Presidente”.

“Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público Federal [MPF] para obter redução de pena”, diz a assessoria de imprensa de Lula da Silva.

“O Instituto Lula reafirma que jamais solicitou ou recebeu qualquer terreno da empresa Odebrecht e jamais teve qualquer outra sede que não o sobrado onde funciona no bairro do Ipiranga em residência adquirida em 1991”, conclui o comunicado.

O ex-chefe de Estado foi arguido em dezembro de 2016, acusado solicitar que a Odebrecht comprasse um terreno no valor de 12 milhões de reais em São Paulo, onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, em troca de vantagens indevidas junto a Petrobras.

A acusação também afirma que Lula da Silva recebeu, como suborno, um apartamento vizinho à residência onde vive.

O ex-Presidente brasileiro já foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pela prática dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais num outro processo da operação Lava Jato, no último mês de julho. Lula, porém, pôde recorrer da sentença em liberdade.

Na última terça-feira, a Procuradoria-geral da República deduziu acusação contra Lula da Silva, Dilma Rousseff e outros seis membros do PT, acusando-os de integrarem uma organização criminosa que teria desviado dinheiro da Petrobras.