O furacão Irma continua a ser a grande preocupação no Atlântico Norte e Golfo do México. O furacão de intensidade 5 — escala mais elevada — já atingiu ventos de 305 quilómetros por hora e já provocou a morte de pelo menos 13 pessoas: uma criança de dois anos em Barbuda, uma pessoa em Anguila, três em Porto Rico e quatro na parte francesa de São Martinho, sendo que os números devem subir nas próximas horas. Os testemunhos que vão chegando relatam um cenário de destruição por onde o Irma passa.

Antígua e Barbuda: “Contentores de 12 metros a voar”

Do arquipélago de Antígua e Barbuda, chegam relatos de um autêntico “filme de terror”. O cenário é contado por uma habitante da ilha de Barbuda que relata à TSF um cenário caótico com “pessoas a correr de casa em casa, carros a voar e contentores de 12 metros a voar”. A habitante testemunhou também quem tivesse de se “amarrar a um telhado para suportar a força do furacão”.

As autoridades já tiveram de resgatar uma criança de três anos e o telhado do posto de bombeiros foi arrancado pelas fortes rajadas de vento. O primeiro-ministro de Barbuda já tinha confirmado que a ilha está “totalmente destruída” e praticamente inabitável. Das 1.700 pessoas, metade terá ficado sem casa.

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São Bartolomeu: “Apagados do mapa”

Na ilha de São Bartolomeu, a situação é idêntica. Catarina Leite conta ao JN que é “o pior furacão” que alguma vez já viu. Catarina descreve um cenário de “terror nunca visto”.

Kevin, um designer gráfico de 27 anos sediado em São Bartolomeu — onde vive uma grande comunidade portuguesa — recordou à rádio RMC o seu instinto de sobrevivência, mas não esconde o pânico.

“Passei o furacão sozinho trancado no meu escritório a tentar proteger os meus pertences. Deitei-me debaixo de uma mesa com um colchão no caso de alguma coisa atravessar o telhado ou as janelas. Foi muito longo. Senti o chão e as paredes a tremerem. Foi assustador. Horrível. Sentimo-nos muito pequeninos, como seres insignificantes”, diz.

Mais calmos agora, a avaliar o estrago causado pelo furacão, os habitantes de São Bartolomeu contam ao jornal Guadeloupe 1ère que foram “apagados do mapa”. Para eles, “São Bartolomeu já não é São Bartolomeu”.

“Parecia que uma bomba tinha rebentado com toda a vegetação”, dizia Kevin. Quando fala do “filme de terror” vivido em São Bartolomeu conta que “os telhados desapareceram, tudo voou. O mar levou tudo o que havia a levar”.

O pânico maior está em encontrar quem não aparece. Pais, filhos, familiares. O número de vítimas mortais vai subir, e vai ser uma contagem “cruel”, fez saber o presidente francês Emmanuel Macron. “Temos de ter os geradores por perto, para podermos carregar computadores e saber dos nossos amigos mais próximos”, diz um jovem no Twitter. “Estamos em modo de sobrevivência”, acrescenta um amigo: “Temos de arranjar comida, poupar água”.

São Martinho: “Estamos mal”

Os primeiros relatos de pânico em São Martinho surgiram mesmo antes da chegada do furacão Irma. Um homem, fechado na sua casa com a família, filmava a chegada progressiva do furacão até que algo caiu sobre o seu telhado e o pânico lhe invade o rosto. “Estamos mal”, repete neste vídeo partilhado pelo canal France 2.

95% da parte francesa da ilha de São Martinho ficou destruída. É esperado que o número de vítimas aumente à medida que o furacão deixa um rasto de destruição por onde passa. Há ainda outros dois furacões ativos — o furacão Katia, de categoria 2, que continua à deriva no Golfo do México, e o furacão José, que ganhou força na última noite chegando já à categoria 3. O furacão José dirige-se às Antilhas e espera-se que atinja a categoria 5 nos próximos dias.

Três furacões ativos: o que se sabe e o que esperar