Investigadores da Universidade do Texas, nos EUA, criaram um dispositivo que pode significar uma pequena revolução nas cirurgias e no tratamento do cancro. O aparelho, que tem a forma de uma caneta, é capaz de detetar, em meros segundos, células cancerígenas no corpo do doente — o que poderá ser especialmente útil durante as cirurgias para a retirada de tumores.

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“Se falarmos com doentes de cancro após a cirurgia, uma das coisas que dizem de imediato é que esperam que o médico-cirurgião tenha conseguido retirar todo o tecido cancerígeno”, afirma Livia Schiavinato Eberlin, uma das impulsionadoras do estudo, citada pela Sky News. “Quando se constata que não foi possível retirar todo o tecido cancerígeno, isso é algo que nos quebra o coração”, acrescenta.

Nas situações em que permanecem células cancerígenas, torna-se mais provável que haja uma nova disseminação, mas retirar demasiado tecido — incluindo saudável — também não é desejável. Com este dispositivo, chamado MasSpec, o objetivo é remover as células cancerígenas “até ao último vestígio”.

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Esta tecnologia será capaz de melhorar, de forma drástica, as probabilidades de que os cirurgiões conseguem mesmo remover as células até ao último vestígio”, diz a investigadora Livia Schiavinato Eberlin.

A análise é feita em tempo real, em poucos segundos, o que pode ser uma alternativa às análises (biópsias) de tecido, que demoram vários dias e também podem não ser 100% fiáveis. Testes a esta nova tecnologia apontam para taxas de eficácia de 96%, segundo a Sky News.

E como funciona o aparelho? A MacSpec solta uma pequena gota de água no tecido, absorvendo químicos dentro das células. O líquido é novamente extraído para a ponta da caneta, já trazendo no seu interior informação química sobre as células com que contactou. Em poucos segundos, o líquido (as moléculas nele contidas) é analisado por um espectómetro de massas e os resultados aparecem num ecrã que é consultado pelos médicos, que ficam em melhores condições para decidir se devem cortar um segmento de tecido ou se devem deixá-lo intacto.

A página da Universidade do Texas no Youtube tem um vídeo que ilustra como o processo funciona.

O objetivo é continuar a validar os testes à fiabilidade do dispositivo e começar a testar em humanos a partir do próximo ano.