A parcela de população adulta de Moçambique com conta bancária ronda 36%, pouco mais de um terço, valor que os dois maiores bancos do país querem ver crescer, disseram à Lusa fontes destas instituições. “Esta percentagem encontra-se ainda muito aquém da [registada na] maior parte dos países da região”, referiu fonte do BCI à agência Lusa.

O Millennium BIM notou, por seu turno, que “a taxa de bancarização tem vindo a crescer significativamente nos últimos anos, contudo ainda se está perante valores relativamente baixos”. Os dados sobre o número de contas bancárias no país constam do último boletim estatístico do Banco de Moçambique, publicado em junho.

Segundo o boletim, há cerca de 5,3 milhões de contas em instituições bancárias, 223 mil das quais em moeda estrangeira, de acordo com dados relativos já a 2017.

A meta de 100% de população coberta “seria o ideal”, mas distante, admite o BCI, que gostaria de ver alcançado “o nível de bancarização de alguns países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), como as Maurícias (85%), a África do Sul (75%) ou a Namíbia (62%)”.

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Para lá chegar, a instituição sugere que se possam “premiar as entidades que mais investem” na promoção da abertura de contas, “através, por exemplo, de incentivos fiscais ou outros”.

Continuar a pagar os salários dos agentes do Estado através de crédito em conta bancária e instalar infraestruturas básicas que permitam a expansão da rede bancária com custos moderados, em especial nas zonas rurais, são outras medidas propostas.

O BIM considera fundamental “uma ação concertada do setor público e do setor privado”, bem como “apostar na educação financeira” e “incrementar a representatividade das instituições financeiras formais nas zonas de maior concentração populacional e potencial económico”.

Ter conta no banco é considerado por estas instituições como um instrumento básico “para promover o desenvolvimento económico e social do país”, segundo o BIM, por permitir acesso a financiamentos, cartões, transações eletrónicas e trocas monetárias com o estrangeiro.

“As vantagens são inúmeras”, destaca o BCI: “a economia tende para uma maior formalização” e há uma “melhor perceção do nível de desenvolvimento económico” do país. O boletim do Banco de Moçambique indica que as contas só de moeda eletrónica – por exemplo, associadas a telemóveis – são mais populares e já chegam a 44% da população adulta.

Os bancos também oferecem serviços para dispositivos móveis, que chegam a locais sem infraestruturas básicas, mas “uma conta bancária tradicional e uma conta mobile money são produtos diferentes com funcionalidades diferentes”, refere o BIM.

Há limitações nas contas de operadores móveis: por exemplo, “nos montantes a transacionar e no acesso a outros serviços financeiros, como o crédito, pelo que não irão substituir integralmente as contas bancárias tradicionais”, conclui o BCI. O BCI e o BIM foram os dois únicos bancos do conjunto contactado que respondeu a questões colocadas pela Lusa sobre esta matéria.