O ministro da Justiça do Brasil considera que o Ministério Público Federal (MPF) agiu com pouca preparação na negociação do acordo de colaboração com a empresa JBS, no qual se basearam acusações contra o Presidente Michel Temer. Em entrevista ao jornal brasileiro Folha de S.Paulo publicada esta segunda-feira, Torquato Jardim prevê “consequências graves” para a credibilidade da operação Lava Jato, após o revés do caso da JBS ter levado à prisão de dois membros da empresa, Joesley Batista e Ricardo Saud.

O escândalo de corrupção que abalou o governo brasileiro viveu domingo um novo capítulo, com a detenção do empresário que fez as denúncias contra o presidente do Brasil, Michel Temer, Joesley Batista. O juiz instrutor do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a detenção de Joesley Batista – um dos donos da multinacional JBS, autor das denúncias que levaram a uma investigação a Temer por corrupção -, depois de ter sido descoberto que este tinha omitido informações.

Pouco depois de ter sido informado da decisão, o empresário apresentou-se voluntariamente na sede da polícia federal em São Paulo, com Ricardo Saud, outro executivo da JBS, cuja detenção também tinha sido ordenada. Para o ministro brasileiro, a prisão dos dois “terá consequências graves para a credibilidade do processo”, admitindo que seja “razoável presumir que depoimentos e provas fiquem sob suspeição de manipulação pelos agora presos”.

Não é possível, não seria razoável admitir, que esses dois delatores e outros mais tenham enganado tão bem tantos, tanto tempo. O triste, além de todas as consequências jurídicas para quem foi envolvido, é que a delação esteja sendo colocada em prática por pessoas que não se preparam para essa tarefa’, acrescentou Torquato Jardim.

Assinado em maio, o acordo de colaboração firmado entre o MPF e os executivos da JBS foi a base de acusações contra o Presidente Michel Temer, que chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suposta participação em esquemas de corrupção delatados pela empresa.

Os executivos da JBS declararam às autoridades que subornaram Temer desde 2010 e apresentaram uma gravação comprometedora em que o atual chefe de Estado ouve e parece concordar com outras atividades ilícitas relatadas na conversa. Com base nestes testemunhos, a Procuradoria apresentou uma denúncia contra o presidente, em junho, por corrupção passiva, mas esta seria arquivada em agosto pela câmara baixa, o que impediu a abertura de um processo penal contra o governante.

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