67 portugueses vão ser retirados das ilhas de São Bartolomeu e São Martinho, informou esta segunda-feira o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, citado pela agência Lusa. O furacão Irma atingiu as Caraíbas durante a semana passada enquanto um ciclone tropical de categoria 5, com ventos na ordem dos 300 quilómetros por hora, e terá provocado pelo menos 25 mortos.

O gabinete de emergência consular recebeu cerca de 1.200 pedidos de informação sobre familiares ou condições de regresso. Segundo as informações avançadas por José Luís Carneiro, 52 portugueses vão ser retirados de São Bartolomeu e São Martinho numa embarcação fretada com destino a Guadalupe, onde um avião militar C-130 fará o transporte de regresso a Portugal. Outros 15 serão transportados de Guadalupe para Paris num avião francês e daí seguirão para Lisboa.

Contactos de emergência consular

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Contactos disponibilizados pelo Governo para pedidos de informação ou ajuda:

  • Através dos números de telefone 21 792 97 14 ou 961 706 472;
  • Endereço de e-mail gec@mne.pt;
  • Aplicação mobile Registo Viajante, que permite acionar pedidos de ajuda e informação;

Contudo, o número de pedidos de evacuação e auxílio pode aumentar. Essa é, aliás, a convicção do governante: “É natural que à medida que as notícias vão surgindo e à medida que se confirma a decisão de retirada dos portugueses destas ilhas, a palavra vá passando e outros possam, entretanto, ainda surgir”.

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Pelo menos 205 portugueses residentes nas zonas afetadas já entraram em contacto com as autoridades.

“Só quero ir embora daqui”

Eulália Pinto, uma portuguesa que vive em São Bartolomeu com o marido e a filha de dois anos, conta ao Observador que apesar do susto teve uma experiência “de muita sorte”.

Eram cerca de 22h00 quando Eulália se refugiou em casa com a família. Os ventos do furacão Irma atingiram São Bartolomeu com rajadas de 305 quilómetros por hora e as instruções de segurança que tinham circulado avisavam a população para proteger portas e janelas e esperar a passagem da tempestade. “A minha experiência foi de muita sorte. Muitas pessoas ficaram sem nada, há muitas casas sem telhado, muitas casas inundadas, muitos carros danificados, mas a nossa casa não teve estragos”.

Só pelas 5h30 da manhã é que saíram de casa, para aproveitar os minutos de calma aparente da passagem do olho do furacão: “Estivemos cerca de 15 minutos no exterior, o problema é que o mau tempo regressa de um segundo para o outro e por isso não arriscámos mais tempo”.

Sem água e sem luz, Eulália explicou ao Observador na sexta-feira que tinha água e comida para os dias que se aproximavam. Nesse mesmo dia começavam a aterrar avionetas com ajuda às populações, conta. A conversa foi então interrompida e, ao regressar, Eulália explicava que acabava de falar com uma família portuguesa que tinha perdido a casa e lhe confessava: “Só quero ir embora daqui”.

Várias famílias ficaram desalojadas em São Bartolomeu, “os hóteis à beira-mar estão destruídos” mas, na sexta-feira, Eulália não tinha “conhecimento de nada do consulado”.

Algumas padarias e farmácias voltaram ao trabalho também na sexta-feira – dentro do ritmo possível – e até os supermercados começaram a abrir algumas horas.

O furacão Irma atinge esta segunda-feira o estado norte-americano da Flórida, a 40 quilómetros de Tampa, depois de ter descido para categoria 1 (a mais baixa de 5), com ventos na ordem dos 140 quilómetros por hora. Recorde-se que o furacão bateu recordes históricos e tornou-se a pior tempestade de que há registo no Atlântico, tanto por ter mantido a categoria 5 durante vários dias, como pela força dos ventos, registados na ordem dos 300 quilómetros por hora. Só na Flórida já causou três mortes.

Os efeitos foram devastadores. 90% das infraestruturas da ilha de Barbuda (que esteve incontactável várias horas) foram destruídas e 95% da parte francesa de São Martinho ficou igualmente em ruínas.

Existiam receios pela passagem de um segundo furacão no espaço de poucos dias – Jose. Mas a tempestade tropical acabou por afetar apenas as ilhas Leeward e deslocou-se para norte, a este das Bahamas, e já está a perder intensidade.