O que interessa saber
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Nome: M’AR de AR Aqueduto
Abriu em: 2008
Onde fica: Rua Cândido dos Reis, 72, Évora
O que é: Um hotel de cinco estrelas com 64 quartos, inserido no centro histórico de Évora e que ocupa o antigo Palácio dos Sepúlveda, sendo contornado, em parte, pelo também quinhentista Aqueduto da Água de Prata.
Quem manda: O grupo M’AR de AR, que tem um segundo hotel em Évora, nas muralhas da cidade.
Quanto custa uma noite: De 122€ a 186€ para duas pessoas com pequeno-almoço incluído
Qual é a vista: Rua, jardim e piscina
Contacto: 266 740 700
Reservas: 266 739 302, reservas@mardearhotels.com
Links importantes: Site; Facebook
A história
Da porta de entrada à receção vão 500 anos, uma proeza de que poucos hotéis se poderão gabar. O M’AR de AR Aqueduto ocupa uma parte do antigo Palácio dos Sepúlveda e a melhor forma de apresentá-lo é mesmo viajando entre o século XVI e XXI. Toda a unidade foi pensada com esse conceito: de um lado o património arquitetónico de uma cidade cheia de história como Évora — visível na fachada com três janelas Manuelinas, nos tetos abobadados de várias salas e no aqueduto que fica quase paredes meias com o jardim –, do outro uma decoração moderna, com uma nova ala de paredes panorâmicas abertas para a piscina exterior e até as famosas cadeiras bola de Eero Aarnio onde os hóspedes fazem questão de se demorar antes de seguirem para um dos 64 quartos.
Uma parte do nome explica-se assim pelo imponente monumento que foi mandado construir em 1532 para levar água ao centro de Évora, e cujos arcos, praticamente intactos, continuam a fazer parte dos postais da cidade histórica. O chamado Aqueduto da Prata está tão perto do hotel que da piscina chega-se a confundi-lo com uma das paredes que circundam a propriedade. A outra parte do nome pode parecer mais enigmática — afinal, de onde vem o mar se estamos em pleno interior? — mas a frase impressa nas paredes do lobby explica: “O Alentejo é um mar de planícies, mas o m’ar que aqui se respira e nos hipnotiza é um m’ar de céu, um m’ar de estrelas, um m’ar de ar”. Respiremos então, num dos poucos hotéis de cinco estrelas de Évora.

Logo à entrada, os tetos abobadados do antigo palácio convivem com uma arquitetura moderna e as famosas cadeiras bola do designer Eero Aarnio. © Divulgação
O pequeno-almoço
Se nunca imaginou comer ovos mexidos num claustro, vale a pena acordar cedo para ter aquilo que mais se aproximará dessa experiência. Em formato buffet, e bastante completo, o pequeno-almoço do hotel é servido todos os dias entre as 7h e as 10h30h (11h ao fim de semana) no Degust’AR, o restaurante que ocupa o piso térreo do edifício do antigo palácio e onde não faltam diferentes salas com enormes abóbadas, frescos quinhentistas e uma iluminação dramática vinda apenas de pequenas janelas no alto.

O restaurante principal ocupa parte do antigo palácio, o que se vê desde logo pelos tetos abobadados. © Divulgação
Quando os pratos do pequeno-almoço são levantados e os tabuleiros do buffet arrumados para a manhã seguinte, a oferta do restaurante transforma-se para ir ao encontro de uma experiência de fine dining onde os sabores alentejanos são trabalhados com criatividade e há um menu de degustação disponível por 44€. A carta está a cargo do chef António Nobre e junta por exemplo carpaccio de cação envolto em coentros, rúcula selvagem, cebola roxa, vinagrete de citrinos e esferas de azeite (8€), lombo de bacalhau confitado em azeite virgem, batatas da caldeirada com peixe do rio, ervas da ribeira e grelos de couve (16€) ou ainda lombinho de porco alentejano com especiarias e mel da Serra de Portel, migas de espargos verdes, linguiça crocante e marmelada de laranja (17€).
Num registo mais descontraído, e para provar que à beira dos 10 anos também se rejuvenesce, no verão o hotel juntou mais um nome à oferta gastronómica: o Degust’AR Bistro, onde a ideia é partilhar petiscos em cadeiras altas (ou mesmo na esplanada da piscina, enquanto o bom tempo permitir), seja ao almoço (das 13h às 15h) ou ao jantar (das 19h30 às 23h). Embora as doses sejam mais pequenas, a cozinha alentejana continua a ser a raiz da carta, o chef é o mesmo, há um menu de degustação disponível (mais em conta, a 19€), e entre as boas apostas contam-se os ovos mexidos com farinheira de porco alentejano (4€) ou espargos verdes (5,50€), os cogumelos frescos assados no forno com azeite, alho e coentros (6€), os secretos de porco alentejano (12€), as várias tábuas de queijos locais ou ainda o pica pau de lombo de novilho com molho da tasca e pickles (12€).

Chame-lhe um petisco: camarão selvagem na frigideira com azeite, alho, malagueta e coentros, um dos petiscos do novo Degust’AR Bistro. © Miguel Gama/Divulgação
Os serviços
Comer e relaxar, assim se resumem os serviços do M’AR d’Ar Aqueduto. Ah, também pode casar. Aos dois restaurantes e ao bar de cocktails, espalhados pelo piso térreo e o primeiro andar, o hotel junta o Spa Aqueduto no piso inferior, onde as massagens tanto podem durar 30 minutos (a partir de 35€) como prolongar-se por uma hora e meia (até 130€). Ao todo há cinco cabines de tratamento — duas delas preparadas para tratamentos de casal –, sauna, banho turco e duche Vichy. Se o tempo permitir, também é possível fazer massagens no terraço, rodeado de laranjeiras.
Desse mesmo terraço vê-se o ponto mais concorrido de todo o hotel durante os meses de verão (concorrido ao ponto de não haver espreguiçadeiras livres ao fim de semana): a piscina exterior, para adultos e crianças.
Se ficou intrigado quanto à parte do casar, basta dizer que o hotel organiza receções e copos de água (à semelhança do que acontece com a outra unidade do grupo, também em Évora, o M’Ar de AR Muralhas). Há três espaços à disposição dos noivos e dos convidados, todos eles parte do antigo palácio e ainda do Colégio de São Manços, o que inclui uma capela transformada em sala, para abençoar a união.

Uma parte da piscina dá para o palácio, a outra para o aqueduto. © Divulgação
Coisas para fazer à volta
Numa cidade classificada como Património Mundial da Unesco não faltam motivos de interesse, e a verdade é que o hotel está apenas a cinco minutos a pé da famosa Praça do Giraldo (e das queijadas do Café Arcada), no centro histórico de Évora. Aventure-se pelas ruelas e descubra (ou redescubra) o Templo romano de Diana, a Adega da Cartuxa e a Fundação Eugénio de Almeida, que ficam mesmo ao lado e têm sempre uma programação interessante (para além de bons vinhos), a Sé de Évora, a Capela dos Ossos, o Jardim Público (com direito às suas próprias “ruínas fingidas”, isto é, construídas a partir das ruínas de outros edifícios da cidade, e onde os pavões gostam de se empoleirar) e o Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal.
Fora de Évora, as muitas rotundas levam-no a outros tesouros deste distrito alentejano. Destaque para três, todos a menos de uma hora de viagem: Arraiolos, concelho famoso pelos tapetes e onde se come muito bem num restaurante chamado Alpendre, antes (ou depois) de atacar a subida para o castelo; Mora, onde não pode deixar de visitar o fluviário e caminhar pelos passadiços do Parque Ecológico do Gameiro, que acompanham uma das margens do rio Raia e ficam mesmo em frente; e ainda Monsaraz, vila muito bem cuidada com uma vista privilegiada para o enorme lago Alqueva (por sua vez uma localização privilegiada para observar as estrelas) e que este ano ganhou uma praia fluvial com bandeira azul.
Para regressar, já sabe: basta procurar o aqueduto.
O Observador ficou alojado a convite do M’AR de AR Aqueduto.
“Um fim de semana, um hotel” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer hotéis de norte a sul de Portugal.