O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou esta quinta-feira a necessidade da construção de um muro na fronteira com o México, agora no âmbito das negociações com o Congresso acerca do sistema de proteção de jovens emigrantes indocumentados (DACA).

O muro é muito importante. Temos que assegurar-nos de que não existem obstáculos à construção do muro, porque sem muro não se pode fazer nada“, disse Trump, que falava durante a sua visita a Fort Myers, na Florida, para avaliar os estragos provocados pela passagem do furacão Irma nessa zona. “Caso contrário, não estamos a fazer nada”, acrescentou.

Estas declarações surgem na sequência de negociações entre o Presidente e o Congresso dos Estados Unidos relativamente ao programa que protege emigrantes que entraram no país ainda em crianças (DACA).

Trump disse anteriormente aos jornalistas que o muro viria “mais tarde” depois de os líderes democratas do Congresso dos Estados Unidos terem anunciado, em comunicado, que tinham chegado a acordo para manter o DACA em troca de segurança na fronteira, onde não se incluiria o muro com o México. Os líderes democratas do Congresso dos Estados Unidos anunciaram, na quarta-feira, ter chegado a um acordo com o Presidente norte-americano, Donald Trump, para proteger da deportação os ‘sonhadores’.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Tivemos um encontro muito produtivo com o Presidente na Casa Branca. A conversa centrou-se no DACA [Ação Diferida para Imigração Infantil]. Acordamos em consagrar rapidamente a proteção prevista no DACA numa lei”, afirmaram Chuck Schumer e Nancy Pelosi.

Já hoje, numa série de mensagens difundidas pela rede social Twitter, Trump negara o acordo e a existência de conversações com Schumer e Pelosi sobre imigração alegadamente realizadas na Casa Branca, durante um jantar, na quarta-feira à noite. O Presidente afirmou ainda que os líderes republicanos do congresso, Paul Ryan e Mitch McConnell, apoiam a sua abordagem do programa sobre jovens imigrantes indocumentados.

Donald Trump revogou recentemente um programa lançado, em 2012, pelo antecessor Barack Obama, que protegeu da deportação 800 mil ‘sonhadores’, chegados ao país quando ainda eram crianças, concedendo-lhes um ‘estatuto legal’ temporário. A suspensão não vai ser efetivada de imediato, dado que a Casa Branca deu um prazo de seis meses para o Congresso encontrar uma solução legal alternativa para as pessoas protegidas pelo programa de Obama.

Esse programa oferece proteção temporária a aproximadamente 800.000 jovens, 75% dos quais oriundos do México, chegados aos Estados Unidos ilegalmente enquanto crianças, que graças ao DACA conseguiram então não ser expulsos do país e obter, por exemplo, vistos temporários de trabalho ou carta de condução. Daquele total faz parte um número indeterminado de jovens portugueses, que pode chegar às várias centenas.

Quatro estados norte-americanos (Califórnia, Minnesota, Maryland e Maine) anunciaram, esta semana, que vão processar a Casa Branca por causa da decisão “anticonstitucional” de acabar com o DACA, juntando-se a outros 15, entre os quais Nova Iorque, que já tinham apresentado queixa.