Cerca de 18 mil beneficiários titulares da ADSE, de um total de mais de 380 mil, votaram esta terça-feira para eleger os quatro representantes que terão assento no Conselho Geral e de Supervisão do instituto público, disse à Lusa fonte da comissão eleitoral.

De acordo com José Abraão, membro da comissão eleitoral e dirigente da Federação Sindical da Administração Pública (Fesap), dos cerca de 18 mil que votaram, 15.146 fizeram-no por voto eletrónico, cerca de 2.720 votaram em urna e perto de 300 por correspondência.

O responsável contou à Lusa que a elevada abstenção, superior a 95%, está relacionada com “muitos problemas registados em todo o território nacional e que levaram as pessoas a desistir de votar”.

Houve muitos problemas com o funcionamento do voto eletrónico que fez com que as pessoas não conseguissem votar, depois de tentarem várias vezes”, contou José Abraão.

Também nas mesas de voto fixas em vários pontos do país, “as pessoas esperaram horas ao sol e acabaram por desistir porque só havia uma urna”, disse o dirigente sindical, acrescentando que no Porto, por exemplo, “as filas eram enormes”. “Foi um inferno, uma tremenda confusão”, considerou José Abraão.

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Segundo o sindicalista, também houve casos de beneficiários que não chegaram a receber as cartas ou os emails enviados pela ADSE há cerca de duas semanas com as senhas para o voto eletrónico e outros que “não conheciam as listas completas” de candidatos.

Tal como a Lusa avançou, cerca de uma semana antes das eleições, o instituto público enviou aos cerca de 830 mil beneficiários titulares 560 mil cartas e 271 mil emails com informação sobre o processo eleitoral. Porém, as cartas apenas continham informação sobre os cabeças de lista.

Na altura, o presidente da ADSE, Carlos Baptista, explicou à Lusa que “a generalidade dos beneficiários” tinha recebido a informação, embora existisse “um conjunto de cartas, ainda não quantificado” alvo de devolução pelos CTT por a morada não ser a correta.

Para José Abraão, “devia ter havido um maior investimento” no processo eleitoral, com o qual foram gastos cerca de 300 mil euros. “Este processo, que é pago pelos beneficiários, não garantiu o direito à informação a todos para poderem votar”, criticou o dirigente sindical.

As eleições que decorreram na ADSE servem para os beneficiários titulares escolherem os seus quatro representantes no Conselho Geral e de Supervisão do instituto público. Na corrida ao Conselho Geral e de Supervisão, órgão consultivo com 17 membros e que tem como missão emitir pareceres sobre várias matérias relacionadas com a ADSE, estão sete listas.

A redução dos descontos dos beneficiários, atualmente de 3,5% por mês e o alargamento da ADSE aos trabalhadores com contratos individuais de trabalho na administração pública são duas das principais reivindicações da maioria dos candidatos. Além dos quatro representantes dos beneficiários, o Conselho é composto por elementos do Governo, dos sindicatos da administração pública, das associações dos reformados do Estado, entre outros.