Mitch Dobrowner andava perdido em Long Island, a terra onde havia crescido. Ainda não tinha entrado na casa dos 20 anos e já o angustiava a ideia de não saber o que fazer o resto da vida. Mais angustiado que ele só mesmo o pai, que o queria ver chegar muito longe. Por isso, deu-lhe um propósito: um dia, ofereceu ao jovem Mitch uma velha Argus C3, uma máquina fotográfica muito barata produzida em massa entre 1939 e 1966. Mal sabia ele que estava a por nas mãos do filho o primeiro passo para uma reconhecida carreira na arte da fotografia.

Não tardou muito até Mitch Dobrowner deixar Long Island para trás. Ainda era adolescente quando descobriu o mundo monocromático de Minor White e o sombrio portfólio de Ansel Adams e decidiu fazer dos dois fotógrafos os ídolos que queria perseguiu. E fê-lo: aos 21 anos, despediu-se da família e dos amigos para explorar sozinho o sudoeste norte-americano. A viagem solitária não havia de durar muito: conheceu a mulher na Califórnia, casou-se, montou um estúdio de fotografia e teve três filhos. De repente, a “exigência de gerir um negócio e de criar uma família” ofuscou o sonho da fotografia.

Durante muitos anos, Mitch nunca mais tocou numa máquina fotográfica. Só nos finais de 2005, motivado pela mulher e filhos, é que voltou a acordar o sonho de viver da fotografia. Mas não queria apenas recomeçar: Mitch Dobrowner queria compensar todos os anos em que manteve a máquina fotográfica a ganhar pó atrás de um negócio que não o satisfazia o suficiente. E arranjou um plano radical de o fazer: “Criar imagens que ajudassem a demonstrar como eu vejo o nosso maravilhoso planeta”. Mitch decidiu perseguir furacões e tornados, as tempestades mais perigosas e devastadoras da Terra.

As fotografias de Mitch Dobrowner são também um tributo aos fotógrafos que o inspiraram na adolescência. Também ele fotografia em modo monocromático, tal como Minor White e Ansel Adams. Mas em entrevista ao The Guardian, o fotógrafo explica melhor a preferência que tem por imagens a preto e branco: “As câmaras modernas são calibradas para se ajustarem à forma como os seres humanos veem a cor, mas os sensores podem realmente ver muito mais do que isso. Então modifico a minha câmara para registar o que os sensores são capazes de ver e não o que o fabricante pensa que as pessoas desejam ver”. De resto, diz que só utiliza filtros nas fotografias quando eles melhoram a qualidade da luz e das sombras da imagem. Nunca faz modificações em programas como o Photoshop: “Quando o assunto do meu trabalho é tão inspirador, porque precisaria de adulterar alguma coisa?”.

Mitch Dobrowner publica no Facebook algumas das fotografias que capta enquanto persegue grandes tempestades nos Estados Unidos. Veja-as na fotogaleria e procure por mais na página oficial do artista ou no site.

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