19 de setembro de 1985 e 19 de setembro de 2017. 32 anos separam estas datas, que foram marcadas pelo mesmo acontecimento no México: um sismo. E como se estas coincidências não fossem suficientes, há mais uma: uma criança alegadamente viva e presa nos escombros que as autoridades tentaram resgatar mas que, afinal, nunca lá esteve.

À semelhança do que aconteceu com “Frida Sofia”, a menina que alegadamente estaria presa nos escombros de uma escola na cidade do México — e que, segundo as últimas informações das autoridades nunca existiu –, também em 1985 houve um menino preso nos escombros de sua casa, também na cidade do México. O corpo de “Monchito”, de nove anos, nunca chegou a aparecer e nem sequer se tem a certeza que esta criança alguma vez tenha existido.

México. “Frida Sofia” não existe e não há nenhuma criança presa nos escombros da escola

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A história foi recuperada pelo jornal espanhol El Confidencial: o alerta de que havia uma criança viva nos escombros de uma casa foi dado pelo próprio pai do menino, 13 dias depois do terramoto. Com o pequeno Luis Ramón Nafarrete Maldonado, também conhecido por Monchito, estaria o seu avô.

E como é que se sabia que estava alguém por baixo de todo o entulho? Pediu-se à pessoa para bater uma vez se se tratasse de um adulto e duas vezes se fosse uma criança. Ouviram-se duas batidas e rapidamente se assumiu que se tratava de Monchito.

Meios de resgate de todo o mundo e a Cruz Vermelha deslocaram-se até ao local onde estavam os dois sobreviventes — o neto e o avô. Nas buscas até participou o tenor Plácido Domingo, que se tinha deslocado até ao México para ajudar as vítimas desta tragédia, cujo número de mortos ainda hoje está por apurar: na altura, falava-se entre seis a sete mil mortos, mas anos depois, outras investigações davam conta de cerca de dez mil.

A notícia de que havia uma criança viva no meio de escombros correu mundo, tal como aconteceu com “Frida Sofia”. Havia mesmo quem relatasse que “Monchito” falava com as pessoas que estavam a participar no resgate.

Sete dias depois, a 9 de outubro, encontrou-se um corpo: o de Luis Maldonado, o avô. De ‘Monchito’, nem sinais. Ainda assim, não se desistiu de encontrar a criança e os trabalhos de resgate continuaram, mas começaram a aparecer as primeiras dúvidas: “Não tínhamos a certeza da vida e não temos a certeza da morte”. A afirmação foi feita por Carlos Marbrán, um engenheiro argentino convicto de que Monchito nunca esteve soterrado pelo simples facto de não haver nem “odor” a cadáver, nem sequer “moscas”.

Finalmente chegou-se ao quarto onde deveria estar o menino de nove anos e nada. Nem sinais de vida, nem sinais de morte — encontrou-se, contudo, um cofre com 12 milhões de pesos (cerca de 5,6 milhões de euros) que pertencia a uma loja que tinha desabado junto ao edifício.

O que aconteceu afinal a ‘Monchito’? Ainda hoje não se sabe. Para o jornal La Jornada, a criança nunca existiu e se existiu, não foi ali que morreu.