Há jogadores assim: “amuletos”, “prontos-socorros”, “saca-rolhas”. Titulares é que não.

Os treinadores colocam-nos a jogar na segunda parte, mais lá para o quarto de hora derradeiro, quando a coisa está negra e é preciso dar a volta ao resultado com o cronómetro a aparentar avançar mais depressa do que verdadeiramente avança. Habitualmente são atacantes e vão posicionar-se bem no interior da área. O mais conhecido dos “pronto-socorro” na história recente do futebol europeu talvez seja um norueguês que mesmo trintão continuava a ter rosto de menino: Ole Gunnar Solskjær. E raríssimas foram as vezes em que quando chamado por Alex Ferguson (na tal hora negra em que se pediam bolas dentro da baliza) no United para resolver não resolvia.

Ganhou um epíteto em Old Traford, Solskjær: the baby-faced assassin.

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SL Benfica-SC Braga, 1-1

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Bruno Esteves

SL Benfica: Júlio César; André Almeida, Jardel, Rúben Dias e Eliseu; Samaris, Felipe Augusto (Jonas, 74’) e Krovinovic; Rafa (Pizzi, 83′), Gabriel Barbosa ( Zivkovic, 63’) e Jiménez

Suplentes não utilizados: Varela, Luisão, Fejsa e Seferovic

Treinador: Rui Vitória

SC Braga: André Moreira; Esgaio, Bruno Viana, Ricardo Ferreira e Jefferson; Danilo (Vukcevic, 59’), Fransérgio e Bruno Xadas (Paulinho, 80′); Ricardo Horta (Fábio Martins, 59’), João Teixeira e Hassan

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Raúl Siva, Marcelo Goiano e Sequeira

Treinador: Abel Ferreira

Golos: Jiménez (11’) e Ricardo Ferreira (68′)

Ação disciplinar: Nada a registar

Rui Vitória tem em Raúl Jiménez um destes jogadores talhados para resolver quando mais ninguém resolve. É estranho saber que custou 22 milhões de euros (é mesmo a contratação mais cara da história do Benfica) e é suplente. Mas é. Foi-o com Mitroglou. E saindo o grego, continua a ser suplente de Seferovic. Jiménez é possante, fino de pés, chuta tão forte com a canhota (pé “cego” dele) como utilizando a outra bota, salta alto, cabeceia lá do alto, bate penalties, é esguio na área — e veloz a jogar nas costas da defesa –, tem o instinto que só os goleadores têm. É certo que Jiménez deu tantas vezes tardiamente a volta ao texto quando as noites de futebol teimavam em ser de empate ou derrota para o Benfica. Mas há outra verdade que importa desmistificar — e esta quarta-feira à noite serve perfeitamente para o fazer. É que Jiménez até consegue ser melhor titular do suplente. Nos últimas doze partidas em que foi de início atirado ao onze, só por uma vez não “molhou a sopa”. No total, 11 golos.

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Contra o Braga, o décimo primeiro golo surgiu ao décimo primeiro minuto. Livre ligeiramente descaído para a direita, Filipe Augusto cruza tenso para a área, no poste mais distante Jardel amortece para dentro, Samaris falha o desvio e um defesa do Braga corta a bola para a entrada da área. Era lá que estava o mexicano, que num remate de primeira bateria André Moreira.

Na altura do cruzamento de Augusto, Samaris e o próprio Jiménez parecem estar ligeiramente adiantados em relação ao último defesa bracarense — e, portanto, em fora-de-jogo.

A Luz estava praticamente às moscas (não se culpe quem resolveu ficar em casa; o jogo começava a tarde e más horas) mas o futebol até começou por ser “rasgadinho” na primeira parte, repartindo Benfica e Braga os ataques — sem nenhum deles se superiorizar ao outro. O Braga reagiria ao golo sofrido pouco depois. À direita, num livre, o talentoso João Teixeira bateu (20’) a bola para a molhada que se acotovelava na área, um defesa do Benfica cortou-a defeituosamente e para trás, esta chegaria a Hassan no poste esquerdo, o egípcio cruza para a pequena área e Danilo, só com Júlio César por diante, bem se estica mas falha o desvio final.

As oportunidades (e, portanto, os remates) escasseavam. Mas até ao intervalo ainda se veria outro. Foi aos 44’. E mais uma vez a partir de uma bola parada. Eliseu, num livre à esquerda, cruza para o segundo poste, Samaris e Viana saltam, cabeceiam a meias, a bola segue na direção da baliza e André Moreira tem que desviá-la, rente à barra, para canto.

Se a primeira parte foi “rasgadinha” e até passou depressa, a segunda foi um tremendo bocejo. O Braga ameaçou com o empate quando o cronómetro apontava a hora de jogo. João Teixeira, à esquerda, vê Hassan na pequena área, coloca lá a bola, o egípcio rodopia, troca as voltas a Rúben Dias e remata. O remate é frontal mas frouxo — e Júlio César segura. O golo chegaria precisos nove minutos depois. Canto à esquerda, Jefferson bate-o para o primeiro poste, Ricardo Ferreira salta mais alto do que Jardel e empata sem que Júlio César esboçasse reação.

Como recordista a colecionar “canecos” da Taça da Liga, e mesmo tendo Rui Vitória resolvido poupar os habituais titulares no começo, o Benfica não queria perder por nada pontos na Luz. Aliás, a última vez que perdeu foi em outubro de 2007 – daí para cá, 19 jogos e outras tantas vitórias.

Aos 72’, vindo da direita, Krovinovic aproximou-se da área e, chegado à quina desta, driblou Fransérgio e rematou de pé esquerdo. André Moreira foi defender rente ao poste. Mais tarde, aos 92’, mesmo a entrar no derradeiro minuto do tempo extra — e já com a “artilharia” que ficou a descansar no relvado –, há um cruzamento longo de Eliseu, desde a defesa, Jiménez amortece a bola à entrada da área e Jonas remataria de primeira. A defesa de André Moreira valeu um empate (e um pontinho) ao Braga.