Os trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes continuam com um atraso salarial de 44 meses e sem nenhuma solução à vista para a resolução do problema, denunciou esta sexta-feira a comissão sindical.

Em declarações à agência Lusa, o primeiro secretário da comissão sindical, Mateus Muanza, disse que “continua péssima” a situação dos trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes, depois de terem sido pagos apenas quatro dos 46 meses de salários em atraso.

“Continuamos em vigília, porque até aqui não temos nenhuma informação da direção da empresa”, referiu Mateus Muanza.

Segundo o responsável sindical, depois de a empresa ter pago apenas quatro dos 46 de salários de atraso, em agosto, o quadro continua “estagnado”.

Eram já na altura 46 meses, pagaram quatro, restando 42, mas com os dois meses agora acumulados estamos neste momento com 44 meses de salários em atraso, o que significa que nada se resolveu. A direção remeteu-se ao silêncio aumentando as nossas dificuldades”, explicou.

Em agosto, a empresa pública de pontes liquidou na altura apenas quatro dos 46 meses em falta, tendo na ocasião o chefe do departamento de contabilidade e finanças da empresa, Luvualu Michel, apontado falta de liquidez do Banco de Poupança e Crédito (BPC) como fator que tem atrasado o processo.

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Mateus Muanza adiantou ainda que as reivindicações dos cerca de 400 trabalhadores da empresa pública de pontes serão apresentadas formalmente ao novo Governo da República de Angola, tão logo inicie as suas funções.

O sindicalista disse que os trabalhadores vão se manter em vigília, que caminha já para o terceiro mês, nas instalações da empresa.

A Lusa noticiou a 1 de agosto que a Empresa Nacional de Pontes de Angola estava a enfrentar dificuldades na reforma de 65 trabalhadores face à dívida para com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), que já ronda o meio milhão de euros.

“Estão em condições de serem reformados, mas não vão para a reforma porque estamos em dívida com INSS, uma dívida elevada, no valor de 88,9 Milhões de kwanzas [470 mil euros]”, disse na ocasião a chefe do departamento dos recursos humanos da empresa pública de pontes, Marcelina Gabriel.

Segundo a responsável dos recursos humanos, “continua pendente” no INSS o subsídio de morte de trabalhadores, precisamente devido à atual incapacidade financeira da empresa.

“Os trabalhadores morreram, a empresa não tem capacidade financeira nem já para comprar um caixão e para entregar um subsídio de morte. É necessário que a empresa faça a sua contribuição [para o INSS], que até agora não conseguimos liquidar”, referiu anteriormente.