O anúncio, feito com pompa e circunstância já no encerramento do Salão de Frankfurt, veio confirmar o que já se sabia: o Grupo Volkswagen tem uma estratégia de futuro centrada nas energias alternativas e que passa, entre outras medidas, pelo lançamento de 80 novos veículos eléctricos (EV) alimentados por baterias até meados da próxima década, um investimento de cerca de 20 mil milhões de euros. Inclui ainda a apresentação de variantes zero-emissões em todos os 300 modelos comercializados pelo grupo, até 2030. Pelo contrário, o que ainda não se sabia é que desta estratégia não faz parte (pelo menos, em primeiro plano) a pilha de combustível a hidrogénio – precisamente, uma das tecnologias cujo desenvolvimento a Audi tem procurado liderar, no seio do maior grupo automóvel mundial.

A secundarização desta solução tecnológica foi anunciada pelo próprio CEO do Volkswagen Group, Matthias Müller, que quando questionado sobre o momento em que a Audi poderá vir a comercializar um automóvel com este sistema de propulsão, respondeu apenas: “um destes dias”.

De resto e apesar da marca de Ingolstadt ter feito, até ao momento, um volumoso investimento na pilha de combustível a hidrogénio, tendo já inclusivamente apresentado vários protótipos equipados com esta tecnologia, a verdade é que outros responsáveis daquele que em 2016 foi o maior grupo automóvel mundial, como o presidente da Audi America, Scott Keogh, reconhece que os veículos eléctricos alimentados por bateria são, neste momento, prioritários.

“A pior coisa que podemos fazer, nesta altura, é levar a cabo uma aposta a apenas meio-gás nos eléctricos, para assim poder andar a saltar de um projecto científico, para outro, como é o caso da pilha de combustível “, afirmou este responsável.

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Ainda assim, Keogh prevê que a Audi venha a disponibilizar “frotas não muito de grandes” de veículos de teste a hidrogénio, a circular na via pública, dentro de aproximadamente cinco anos. Pelo que um automóvel eléctrico com uma menor massa de baterias – para ser mais ágil, com maior autonomia e mais rápido de abastecer –, que sejam continuamente recarregadas pela pilha de combustível, não estará pronto para comercialização antes disso.

Conforme salienta o site norte-americano Automotive News, a decisão do maior construtor automóvel mundial de colocar em stand-by uma tecnologia como a de propulsão a hidrogénio, poderá levar a um encorajamento dos governos e outros parceiros no sentido de abandonarem esta solução. Contudo e pelo menos até ao momento, a nota dominante da parte dos restantes construtores com apostas já feitas neste domínio, parece ser de levar avante os respectivos projectos – como é o caso por exemplo da Honda, com o seu modelo Clarity, ou da Toyota, com o Mirai.

Até a Mercedes-Benz apresentou já este mês, no salão Automóvel de Frankfurt, uma versão de produção do seu novo veículo a célula de combustível, o GLC F-Cell. Isto, ao mesmo tempo que, na Lexus, é aguardada uma nova versão do modelo LS com este tipo de propulsão, e na BMW continuam os esforços no sentido de apresentar um modelo com esta tecnologia até 2021. Já a Hyundai, tem previsto dar a conhecer a nova geração do seu sistema de propulsão a hidrogénio, durante o próximo ano.