O primeiro-ministro volta a vir em defesa do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, no caso do material militar que desapareceu de um paiol em Tancos. Em entrevista à TSF, António Costa realça que se fosse o oficial de dia quando terá sido feito o assalto assumiria a responsabilidade e “seguramente” não culpava o ministro que, para o primeiro-ministro, agiu corretamente no que lhe competia.

Lembrando que cumpriu o serviço militar, António Costa recorda as obrigações de oficial de dia. “Tenho a certeza absoluta que se houvesse algum incidente desta natureza em primeiro lugar a responsabilidade seria minha. Há uma pessoa que eu sei que não seria, que era do ministro da Defesa que seguramente nem sabia o que se estava a passar nem pode saber, nem tem que saber o que se está a passar em cada uma das unidades”.

Já esta semana, em entrevista ao Correio da Manhã, António Costa tinha defendido Azeredo Lopes, denunciando o empolamento político à volta do caso e tentativas de condicionar a atuação do ministro na gestão das chefias militares.

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António Costa responde também às exigências de aumentos salariais por parte dos enfermeiros especialistas, avisando que não é possível dar tudo a toda a gente e já. E admitiu não compreender a “virulência” dos protestos da classe que levaram à realização de greves.

Ninguém pode ter a ilusão de que tudo é possível e já (…) Sobretudo não nos podem imputar como tendo assumido compromissos que de todo não assumimos. Quando nos vêm propor um aumento salarial de 400 euros, nunca assumimos esse compromisso…”.

O primeiro-ministro ainda acredita num acordo e elogia o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, o “único que tem postura dialogante”.

Cristas pede a Costa que se cale. “É demasiado doloroso ter um primeiro-ministro a dizer isto”

Na sequência das declarações de Costa à TSF, a líder do CDS, Assunção Cristas, deixou duras críticas ao primeiro-ministro. “Por favor, cale-se. Por favor, cale-se porque é demasiado doloroso ter um primeiro-ministro a dizer isto”, atirou Cristas, à margem de uma ação de campanha esta manhã.

Assunção Cristas, que anda há meses a pedir a demissão do ministro, não deixou de criticar fortemente o facto de António Costa não “perceber a diferença” entre as responsabilidades funcionais de quem está no terreno e as “responsabilidades políticas”. “É grave que um primeiro-ministro não perceba uma coisa e outra”, disse.

O furto de Tancos entrou na campanha eleitoral autárquica sobretudo depois de o Expresso ter divulgado, em manchete, um relatório atribuído a “serviços de informações militares”, com duras críticas ao ministro Azeredo Lopes e ao chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

No mesmo dia, o Estado-Maior General das Forças Armadas disse que o seu centro de informações militares não produziu qualquer relatório sobre o assunto. E, no dia seguinte, o primeiro-ministro negou também que algum organismo oficial do Estado tenha produzido o relatório noticiado e o ministério da Defesa desafiou mesmo o Expresso a divulgar na íntegra o documento. Mas Cristas procurou manter-se sempre à margem da polémica, para centrar as atenções na campanha. Até hoje.