A frase feita

“Se não querem escolher depois não se podem queixar da escolha que é feita pelos outros.” (Marcelo Rebelo de Sousa)

É uma velha conversa da democracia portuguesa (e de outras também): quem vota pode falar, queixar-se, criticar; quem não vota, tem que ficar caladinho e quietinho porque teve a sua oportunidade de intervir e, maldosamente, preferiu não o fazer.

Já se sabe que, por vezes, um Presidente da República tem que correr todos os lugares comuns do regime, mas convém não levar esta retórica demasiado a sério. Há casos em que os eleitores estão atados pelas escolhas que lhes apresentam. Por exemplo: se votasse em Oeiras, Marcelo Rebelo de Sousa iria contente e sorridente para a mesa de voto? De certeza que não contemplaria a hipótese de abstenção?

A frase desfeita

You’ll never know it” (Pedro Santana Lopes)

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O ex-primeiro-ministro, ex-presidente da câmara de Lisboa e ex-líder do PSD apareceu no último dia de campanha para dar o seu apoio a Teresa Leal Coelho. Enfim, “apoio” é como quem diz: tudo depende da definição que tivermos da palavra.

Sobre o adversário que a candidata do PSD não vai conseguir derrotar, disse que “não há nenhum candidato imbatível”, deixando portanto a implicação de que se Medina não é vencido é porque alguém (adivinhem quem?) não o consegue bater.

E sobre se outro candidato (ou seja: ele próprio) conseguiria fazer mais do que Leal Coelho, respondeu “You’ll never know it”, o que se pode traduzir por “Claro que sim, tem alguma dúvida de que eu limpava isto?”.

No PSD, toda a gente já só pensa em atribuir culpas.

A frase perfeita

“A isso respondo-lhe que estamos aqui com uma linda vista sobre Lisboa.” (Teresa Leal Coelho)

No último dia de campanha eleitoral, Teresa Leal Coelho teve vários jornalistas à sua frente, com microfones e gravadores estendidos, prontos para levar as suas frases a milhares de eleitores. Naturalmente, houve perguntas difíceis, sobre sondagens e sobre as críticas internas, mas isso, para qualquer político experiente, não é uma dificuldade, é uma oportunidade.

Não é, manifestamente, o caso de Leal Coelho. Com os microfones estendidos, com as perguntas feitas, a candidata do PSD disse o quê quando lhe deram a oportunidade de falar? Disse o seguinte (vamos repetir): “A isso respondo-lhe que estamos aqui com uma linda vista sobre Lisboa”.

Teresa Leal Coelho não estava preparada para nada disto. O que Passos lhe fez, ao escolhê-la como candidata à câmara, foi uma maldade.