Catarina Martins assumiu esta segunda-feira que retirar a maioria absoluta a Fernando Medina na Câmara Municipal de Lisboa era um objetivo e que esse objetivo foi cumprido. Quanto a futuras coligações na autarquia lisboeta, a coordenadora do Bloco de Esquerda lembrou que o partido sempre mostrou disponibilidade para eventuais acordos e desafiou o socialista a mostrar a mesma disponibilidade.

As maiorias constroem-se com base em conteúdos programáticos. O nosso primeiro debate em Lisboa como em qualquer outra autarquia não é um debate sobre pelouros, mas um debate sobre programa. Julgo que nos próximos dias vamos ter algumas conversas. Mas é preciso que quem ganhou a Câmara tenha vontade de o fazer”, afirmou Catarina Martins, durante uma conferência de imprensa a partir da sede do partido.

Sem se comprometer com qualquer modelo de governação — assente em acordos pontuais ou numa coligação com atribuição de pelouros ao Bloco de Esquerda –, Catarina Martins recordou as prioridades definidas pelos bloquistas durante toda a campanha eleitoral: a questão do número de creches na cidade, o investimento nos transportes públicos, a transferência da receita obtida com a taxa turística para os cofres da cidade e a criação de um verdadeiro programa público de habitação. “Questões essenciais” para o Bloco, sublinhou a coordenadora bloquista, que deverão fazer parte de qualquer acordo que venha a ser desenhado.

Quanto aos resultados conseguidos pelo Bloco de Esquerda a nível nacional, Catarina Martins, mesmo lembrando que o partido cresceu em número de votos e mandatos municipais, reconheceu que o resultado eleitoral foi “modesto“. “Vemos com humildade os nossos resultados“, assumiu a bloquista.

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Ainda assim, a coordenadora do Bloquista rejeitou a ideia de que o Bloco vai endurecer a sua posição no seio da atual solução governativa em função dos resultados autárquicos. “O Bloco de Esquerda mantém a sua determinação em cumprir o acordo [celebrado com o PS]”. Ou seja, sugeriu Catarina Martins, não serão as autárquicas a colocar em risco a saúde da “geringonça” e a continuidade do Governo socialista.

Quanto às afirmações de Jerónimo de Sousa, que na terça-feira deixou bem claro que não está disposto em apostar na proliferação de “mini-geringonças” por todo o país, Catarina Martins começou por lembrar que “as realidades no país são diferentes”. Preferiu registar que o PCP “mostrou a disponibilidade para acordos pontuais” em determinados concelhos onde não existem maiorias.

Dito isto, Catarina Martins, que apresentava as conclusões da reunião da Comissão Política do Bloco de Esquerda, deixou uma ideia que pode ser entendida como um elogio aos comunistas, depois de uma noite eleitoral particularmente dura para a CDU: “O Bloco de Esquerda sabe o enorme contributo que o PCP tem nas autarquias“, sublinhou a coordenadora bloquista.