O pessoal de bordo da transportadora aérea low cost Ryanair está a preparar uma “greve em massa” contra as condições de trabalho na empresa. E não ficam por aí. Segundo uma fonte da companhia, que contactou o britânico Telegraph Travel sob anonimato, os trabalhadores preparam-se para, logo a seguir, apresentar a demissão e integrar outra empresa do setor.

Segundo essa fonte anónima, que trabalha há três anos para a Ryanair, os contratos de trabalho dos funcionários da transportadora impedem-nos de estar associados a associações sindicais. Mas isso não impediu que preparassem uma ação concertada, numa fase em que foram cancelados milhares de voos na Europa como solução encontrada para permitir aos pilotos gozarem dos períodos de férias que tinham em atraso.

O prejuízo da Ryanair: 2.000 voos, 25 milhões de euros e 140 pilotos

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“Está escrito nos nossos contratos que não estamos autorizados a fazer parte de sindicatos, mas os colegas da minha base, e não apenas essa, estão a planear uma greve antes de se mudarem para a Norwegian e a EasyJet“, duas concorrentes da low cost irlandesa. “Imagine que cinco aviões da nossa base não descolam num dia”, continuou a mesma fonte. “E estamos apenas a falar de cinco aeronaves da minha base, vai ser uma confusão“, antecipa.

O impacto da atual crise na companhia aérea chegou ao Parlamento Europeu. Esta quarta-feira, os eurodeputados — também eles afetados pelo cancelamento de milhares de voos entre países europeus — analisaram o problema, por iniciativa dos Verdes, que trouxeram o tema a debate. “Detetámos que existem problemas de cooperação entre as autoridades nacionais de defesa dos consumidores dos estados-membros, por isso estamos a terminar a aprovação de uma diretiva a fim de melhorar a cooperação entre estas autoridades e permitir mais intervenção pela Comissão Europeia”, disse o eurodeputado Carlos Coelho.

As queixas dos funcionários da empresa (sobretudo pessoal de bordo e pilotos) prende-se com as condições de trabalho a que são sujeitos. Por exemplo, dizem, a prática que se começou a generalizar para quem chega agora à empresa de considerar apenas o “tempo de voo” como período a pagar aos trabalhadores; ou o facto de ser cobrado na íntegra o valor das garrafas de água que os pilotos consomem enquanto estão aos comandos dos aviões.

Foi neste contexto que, segundo a mesma fonte do Telegraph — que acusa a tranportadora aérea de ser “a Coreia do Norte da aviação” –, começou a circular entre os pilotos da companhia para que aderissem a um “sindicato não oficial” para que se pudessem opor à “estratégia de longo prazo de dividir para reinar que a Ryanair tem aplicado na sua relação com os pilotos”.