Algumas das principais seguradoras internacionais anunciaram esta sexta-feira que vão deixar de segurar navios envolvidos de forma sistemática em pesca ilegal, como forma de combater uma prática destrutiva de ecossistemas marinhos.

A Allianz Global Corporate & Specialty, AXA, Generali, Hanseatic Underwriters e a The Shipowners’ Club lideraram a que é a primeira declaração do setor dos seguros dirigida à utilização sustentável dos recursos marinhos, anunciada durante a conferência Our Ocean 2017, que decorre em Malta, organizada pela União Europeia.

A declaração, que já foi assinada por 20 empresas, enuncia o compromisso das seguradoras de “não fazer seguros de navios sobre os quais haja conhecimento de envolvimento sistemático em ‘pesca pirata’, também conhecida como Pesca Ilegal, Não-declarada e Não-regulada” (Pesca IUU, na sigla em inglês).

“Hoje dá-se um grande passo com o compromisso das principais seguradoras em recusarem suporte financeiro à pesca pirata. Apelamos para que outras seguradoras afirmem a sua responsabilidade social e liderança na sustentabilidade juntando-se à luta contra a pesca IUU”, disse o diretor executivo da organização ambientalista dedicada ao ambiente marinho Oceana Europe, Lasse Gustavsson. A Oceana foi uma das organizações que liderou campanhas que levaram à tomada de posição das seguradoras.

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A tomada de posição pelas seguradoras é também enquadrada pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Ambiente Princípios para Seguros Sustentáveis (PSI, na sigla em inglês). A PSI foi lançada em 2012 durante a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável Rio+20 no Rio de Janeiro e é a principal iniciativa de colaboração entre as Nações Unidas e o setor dos seguros.

O coordenador da PSI, Butch Bacani, disse esta sexta-feira na conferência Our Ocean 2017 que “ao assumirem este compromisso as seguradoras estão a demonstrar visão e liderança. Estão a deixar claro que práticas responsáveis e sustentáveis na indústria marinha e oceanos sustentáveis são inseparáveis de práticas sustentáveis assumidas pelas empresas”.

Números divulgados pela Oceana Europa indicam que a pesca IUU representa a captura não-sustentável de entre 11 milhões e 26 milhões de toneladas de peixe por ano, uma atividade económica ilegal com um valor anual estimado em entre 8,5 mil milhões de euros e 20 mil milhões de euros.

A eliminação da pesca IUU até 2020 faz parte do 14.º objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU, sobre “oceanos saudáveis”.

A conferência Our Ocean 2017 reúne em Malta cerca de mil participantes, entre ministros, instituições, organizações não-governamentais, empresas e cientistas, em representação de 61 países que são chamados a anunciar compromissos efetivos, desde financiamentos a medidas legislativas, sobre proteção e utilização sustentável dos oceanos.