A qualificação sul-americana para o Campeonato do Mundo tem sempre a particularidade de, por ser a mais longa, “disfarçar” o facto de uma equipa estar melhor ou pior. São 18 jogos no total, há sempre aquela ideia de que ainda há tempo para dar a volta, sobretudo para as melhores seleções. Mas, às vezes, não é bem assim. Que o diga a Argentina: na última jornada, que se vai realizar na madrugada de terça para quarta-feira, o conjunto liderado em campo por Lionel Messi desloca-se ao terreno do já eliminado Equador e tanto pode apurar-se diretamente para a Rússia como cair no playoff frente à Nova Zelândia ou mesmo ficar de fora do Mundial.

E aqui fazemos uma pausa para explicar o que isso significaria: além da ausência de um dos melhores jogadores do mundo na maior prova de seleções (além de mais um conjunto de jogadores que faria as delícias de qualquer um como Dybala, Higuaín, Mascherano ou Di María), seria também a primeira falta de comparência desde 1970 daquela que foi a campeã nas edições de 1978 e 1986, além da final perdida para a Alemanha em 2014.

Para precisarmos o que se vai passar, os jogos são os seguintes: Brasil-Chile, Uruguai-Bolívia, Peru-Colômbia, Paraguai-Venezuela e Equador-Argentina. E em todos eles, que se realizam à mesma hora, haverá interesse noutros campos e países. Porque, nestes cinco encontros, há seis equipas a lutar por quatro vagas.

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Com o Brasil já qualificado e de forma convincente (mais dez pontos do que o segundo classificado, o melhor ataque e a defesa menos batida), o Uruguai, que tem 28 pontos, parte como o conjunto em situação mais confortável porque basta um empate frente aos bolivianos para garantir o apuramento direto para a Rússia. Depois, é uma confusão. E até o Paraguai, que ocupa a sétima posição com 24 pontos, recebe a Venezuela com a legítima aspiração de ganhar e esperar que as seleções acima lhe possam valer uma ida ao playoff.

E de onde vem essa legítima aspiração? A jogar no Brasil, o Chile, que tem 26 pontos, tem a missão mais complicada e poderá cair para sexto lugar em caso de derrota. Depois, no Peru-Colômbia, as contas são fáceis: quem ganhar tem qualificação direta assegurada; quem perder precisa de ajudas de terceiros para não ficar de fora e ir ainda ao playoff; se empatarem, os peruanos, com 25 pontos, menos um do que os colombianos de Falcao, podem rir, chorar ou ter uma segunda oportunidade com a Nova Zelândia.

E acabamos como começámos: o que necessita a Argentina? Em caso de derrota, não há milagres possíveis e está fora do Mundial; em caso de empate, tanto pode chegar ainda ao playoff como permanecer no sexto lugar; em caso de vitória, assegura no mínimo o playoff mas até pode ficar apurada de forma automática.

Vai ser uma jornada de loucos. E loucura como esta só mesmo na América do Sul.