Uma avioneta despenhou-se na noite deste domingo no Uruguai, durante o evento que marca o aniversário do desastre aéreo dos Andes de 1972 — ou Milagre dos Andes, como ficou conhecido. O piloto foi resgatado, mas ainda estão a decorrer buscas para encontrar o co-piloto, avança o jornal El País do Uruguai.

A avioneta, um Piper J3, caiu a 200 metros da costa, perto da praia Pascual, na Ciudad del Plata, no departamento de San José. O piloto, Rodrigo Artagaveytia, de 55 anos conseguiu sair da avioneta e nadar em segurança até à cauda, onde se apoiou e acabou por ser resgatado. Segundo o El País do Uruguai, a avioneta foi fácil de localizar devido à sua cor amarela.

O co-piloto, Fernando González Foretic, um médico chileno, está desaparecido. As equipas de busca e de mergulho ainda estão a tentar localizá-lo. González Foretic, também de 55 anos, foi médico da equipa chilena de râguebi e da equipa de futebol da Universidade Católica.

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A queda da avioneta foi vista por várias pessoas que se encontravam na praia a assistir ao voo, uma deles foi Roberto Canessa, um dos sobreviventes do desastre aéreo dos Andes. A avioneta terá passado muito perto do mar, tendo ficado com a asa presa na água, de acordo com informações do El País do Uruguai.

Os dois homens a bordo do Piper J-3 tinham participado nas celebrações feitas anualmente, há 44 anos, alternadamente no Chile e no Uruguai, para marcar o jogo entre as equipas de raguêbi dos dois países que nunca aconteceu.

A tragédia dos Andes de 1972. “Comi os meus amigos para sobreviver”

O desastre dos Andes aconteceu a 13 de outubro de 1972 quando um avião da Força Aérea uruguaia, que transportava uma equipa de râguebi daquele país, mais alguns familiares e amigos, se despenhou na Cordilheira dos Andes, com 45 passageiros a bordo. O avião viajava para o Chile para jogar com uma equipa do país.

11 histórias de sobreviventes em acidentes de aviação

29 pessoas morreram: 12 no momento da queda e os restantes devido à fome e ao frio e, ainda, a uma avalanche que os atingiu. 16 pessoas foram resgatadas com vida — a última mais de dois meses após o acidente — daí que este desastre tenha também conhecido como “Milagre dos Andes”.

Há relatos de que alguns sobreviventes viram-se obrigados a comer os corpos dos mortos. “Comi os meus amigos para sobreviver”, revelou Roberto Canessa, um dos sobreviventes que estava nas celebrações deste domingo, à BBC.