O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta as suas previsões de crescimento para a economia portuguesa, em relação aos números revelados em abril sobre a evolução da economia mundial. Para este ano, a FMI espera agora um subida de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), um valor muito mais robusto que os 1,7% estimados nas projeção da primavera. A revisão em alta em relação aos dados de abril também acontece na projeção para o próximo ano que aponta para um crescimento de 2% — a estimativa anterior do Fundo era de 1,5%.

A revisão do World Economic Outlook está em linha com as previsões mais recentes do Fundo para Portugal, divulgadas em setembro, no capítulo VI que analisou em detalhe a economia nacional. No entanto, o FMI mantém a perspetiva de que a economia portuguesa vai abrandar no próximo ano face a 2017. Uma tendência que se deverá manter nos anos seguintes, já que para 2022, a previsão aponta para uma subida de apenas 1,2% no PIB nacional.

O crescimento de 2,5% esperado para 2017 está alinhado com a previsão mais recente do Banco de Portugal. A instituição liderada por Carlos Costa sinalizou, contudo, uma perda de força na economia na segunda metade deste ano que vai no sentido do abrandamento apontado pelos técnicos do fundo para 2018.

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Apesar deste abrandamento, as projeções do FMI colocam Portugal a convergir, ou seja, a crescer acima da média da zona euro este ano — 2,5% versus 2,1% — e em 2018 — 2% versus 1,9%. Em outubro, o Fundo melhorou as estimativas de crescimento para a maioria das economias da zona euro face a abril, mas Portugal foi um dos países que conheceu uma alteração mais significativa, a par da Eslovénia e Estónia.

A atualização das previsões do Fundo, divulgada no World Economic Outlook, está sustentada no Orçamento do Estado deste ano, onde se mantém uma projeção de crescimento modesta de 1,8%, mas incorpora igualmente análises da equipa do FMI. Ou seja, é já considerado o desempenho da economia portuguesa, acima do esperado, nos últimos trimestres. Os números são conhecidos a poucos dias de ser apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2018. É neste documento que o Governo irá atualizar o cenário macroeconómico que serve de sustentação às contas públicas e para acomodar decisões com impacto orçamental como o alívio do IRS para a maioria dos contribuintes.

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O FMI apresenta também uma perspetiva mais positiva em relação à queda do desemprego, cuja taxa deverá ficar nos 9,7% este ano e baixar para 9% no próximo ano. As previsões de abril apontavam para taxas de desemprego a baixar, mas ainda acima da fasquia dos 10%.

No relatório em que atualiza as perspetivas para a evolução da economia mundial, são poucas as referências a Portugal. O país surge, no entanto, como exemplo das reformas feitas no mercado laboral e do produto que, segundo o FMI, contribuíram para reforçar a produtividade. Portugal é destacado, ao lado da Espanha e da França, nas medidas que facilitaram a contratação e o despedimento de trabalhadores efetivos, reduzindo a dualidade no mercado laboral. Estas medidas foram adotadas pelo anterior Governo durante o período de ajustamento.

Já no que toca à qualidade da administração pública e do clima de negócios, o FMI coloca Portugal ao lado de Itália, como países onde há espaço para introduzir melhorias.