Decorria o ano de 1957. O mês era o de outubro e a época a de Guerra Fria. Na União Soviética lançava-se o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial terrestre. Do outro lado do “campo”, os Estados Unidos da América estavam com medo. Medo de que a URSS, que se mostrara aparente mais capaz tecnologicamente do que os EUA, pudesse atingir a América do Norte com um míssil nuclear. Tinha enviado um satélite para o espaço, afinal. As forças militares norte-americanas foram colocadas sob pressão pelo então presidente Dwight D. Eisenhower para que lançassem um satélite o mais rapidamente possível. Em março de 1958, fruto do medo, “nasce” e é lançado para o espaço o Vanguard 1. E ainda lá anda, quase 60 anos depois.

O satélite cientifico mais antigo do mundo deixou de transmitir dados em 1965. Contudo, e ao contrário do Sputnik, que orbitou o planeta apenas durante 3 meses, o Vanguard ainda hoje se mantém em órbita e ajuda os cientistas a perceber como a atmosfera terrestre influencia os satélites e como as suas órbitas se vão alterando ao longo do tempo.

Em declarações à BBC, Tim Flohrer, analista de detritos espaciais do Centro Europeu de Operações Espaciais, afirma que os primeiros satélites, como o Sputnik, “já todos reentraram na atmosfera. Estima que o Vanguard 1, no entanto, “permaneça em órbita por várias centenas, se não milhares de anos”.

O projeto do Vanguard não foi criado imediatamente a seguir ao lançamento do Sputnik. Aliás, por essa altura já levava dois anos. Começou a ser concebido em 1955, pelo Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos, e fazia parte de uma colaboração de 67 países para o Ano Internacional da Geofísica, em 1957-58, da qual fazia parte a União Soviética, que escondeu os planos do Sputnik.

O Vanguard tão pouco foi o primeiro satélite norte-americano. Essa distinção vai para o Explorer 1, um projeto que também fazia parte do Ano Internacional, abandonado pela administração de Eisenhower em prol do Vanguard mas posteriormente retomado para responder ao lançamento do Sputnik. O mais antigo dos satélites ainda em órbita foi, no entanto, o primeiro satélite da Marinha.

Apesar de ter perdido a chance de ser o primeiro satélite artificial de todos, o Vanguard foi efetivamente vanguardista. O satélite permitiu saber que o Planeta Terra alarga no Equador graças à força exercida pela rotação, trouxe a introdução de um sistema de propulsores que serviu de base ao Delta – o mais usado dos propulsores norte-americanos – e estava equipado com painéis solares, que permitiram que se mantivesse ativo durante consideravelmente mais tempo que o seu “rival”, o Sputnik 1.

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