Espanha celebra esta quinta-feira o Dia da Festa Nacional, mas a celebração, que se assinala com uma grande parada militar em Madrid presidida pelos Reis, fica este ano marcada pelo clima de tensão que se vive em torno da situação na Catalunha.

A festa espanhola acontece um dia depois de o chefe do governo, Mariano Rajoy, ter enviado a Carles Puigdemont um requerimento para clarificar se o líder catalão declarou ou não a independência da Catalunha — o primeiro passo antes de ativar o artigo 155.º da Constituição (que permite ao governo central retirar poderes de autonomia ao governo regional catalão).

Esta é também a primeira vez que o chefe de Estado, o Rei Felipe VI, aparece em público desde a declaração de Carles Puigdemont na última terça-feira, pelo que uma intervenção do monarca é aguardada com expectativa.

O jornal El País descreve Madrid esta manhã como uma “cidade enfeitada como nunca com bandeiras de Espanha, tanto as colocadas pela autarquia como as colocadas por centenas de habitantes nas suas varandas”.

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Tudo está a ser preparado ao pormenor para que a parada militar seja uma grande demonstração da unidade espanhola, continua o jornal, sublinhando que o Ministério da Defesa, que organiza o desfile, alterou o local para o Paseo de la Castellana, um local mais amplo do que o anterior, que permite um maior número de espetadores a assistir. Imagens a circular nas redes sociais mostram que o recinto começou a encher-se de manhã cedo.

Na tribuna de honra, haverá ausências significativas. Todos os líderes das comunidades autónomas estarão presentes exceto três: o de Navarra (que decidiu este ano não festejar a Festa Nacional para celebrar um novo feriado local, o Dia da Resistência Indígena), e os da Catalunha e do País Basco. Estará também ausente Pablo Iglesias, líder do Podemos, sendo representado pela sua porta-voz no Congresso.

Também a parada será maior do que no ano passado, algo que a imprensa espanhola interpreta como uma forma de Madrid demonstrar a grandeza do país. Participam na parada 3.900 militares (face a 3.500 no ano passado), 78 aeronaves (contra 59 em 2016) e 84 veículos (no ano passado foram 43). Mas também na própria parada militar haverá ausências, nomeadamente de uma companhia dos Grupos de Ação Rápida da Guardia Civil, que está destacada na Catalunha.

Na Catalunha, a Societat Civil Catalana (organização que promoveu a grande manifestação contra a independência no último fim de semana) organiza um evento paralelo aos festejos em Madrid, intitulado “Catalunha sim, Espanha também”.