Estávamos em 2005 quando uma jornalista interrompe o desfile de Courtney Love, em plena passadeira vermelha, para lhe perguntar que conselho daria a jovens mulheres no universo de Hollywood. Love inclina a cabeça para o lado, hesita e, depois, atira: “Vou ser processada por difamação por dizer isto… Se Harvey Weinstein te convidar para uma festa privada no Four Seasons, não vás”.

O aviso de Courtney pode ter mais de dez anos em cima, mas está mais atual do que nunca: o produtor norte-americano é acusado de décadas de assédio sexual, um escândalo que rebentou há alguns dias e que já trouxe diversas consequências. Weinstein não só foi demitido da empresa que ajudou a fundar, como são várias as celebridades que lhes estão a voltar as costas publicamente. Mais recentemente soube-se que a Academia de Hollywood expulsou o produtor, naquela que é uma decisão sem precedentes.

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Apesar de Courtney Love não ter sido uma das muitas vítimas de Harvey — há dezenas de mulheres que o acusam de assédio sexual e até de violação –, a cantora escreveu no Twitter que foi eternamente banida da CAA (Creative Artists Agency) por ter falado contra o produtor.

Este era, possivelmente, um dos segredos mais mal guardados em Hollywood. De referir que também Seth MacFarlane se insurgiu contra o produtor, quando em 2013, enquanto apresentava as nomeações ao óscar de Melhor Atriz, disse “Parabéns, vocês, cinco senhoras, já não têm de fingir que acham o Harvey Weinstein atraente”.

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Um ano antes acontecia algo semelhante na série de televisão “30 Rock”: uma só fala, inserida num enredo mais denso sobre o mundo do espetáculo, dava a entender, mais uma vez, que a atuação de Weinstein era conhecida e comentada no meio. “Não tenho medo de ninguém no mundo do espetáculo”, dizia a personagem interpretada por Jane Krakowski num episódio. “Recusei ter sexo com Harvey Weinstein em três de cinco ocasiões…”