O consumo de leite em Portugal teve uma quebra de 17% desde 2016 devido a “mitos e inverdades”, divulgou esta segunda-feira a federação que representa os produtores e que criou uma campanha para inverter esta situação, falando dos benefícios.

“Assistimos diariamente a ataques ao consumo do leite através de um conjunto de mitos e de inverdades relativas à sua incorporação na dieta humana”, disse o presidente da Federação Nacional Cooperativas Produtores Leite, Manuel dos Santos Gomes.

Apesar de serem “infundadas”, tais “suspeitas sobre o leite levaram a uma quebra em Portugal, segundo os dados do INE, de 2010 a 2015, do consumo per capita de 16%. Hoje já sabemos que é de 17%”, acrescentou o responsável, que falava na apresentação de uma campanha para promoção do consumo de leite, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Manuel dos Santos Gomes reforçou que, em Portugal, “assiste-se a uma verdadeira campanha de desinformação contra o consumo de leite e dos produtos lácteos fomentada por interesses comerciais, nossos antagonistas”.

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“Igualmente, surgem correntes filosóficas e políticas que, defendendo modos de vida e de alimentação alternativos e legítimos, fundamentam frequentemente as suas posições em argumentos falaciosos e, mais grave, falsos”, referiu.

Ao mesmo tempo, segundo o responsável, “o setor lácteo vive momentos de mudança a vários níveis”, desde logo pelo fim da fixação das quotas leiteiras pela União Europeia e por as medidas de suporte ao setor terem sido “reduzidas a uma mera rede de segurança”.

Por essa razão, a FENALAC decidiu criar a campanha “Quero mais leite”, que visa promover o consumo do leite e sensibilizar para os seus benefícios.

Trata-se de uma campanha institucional que estará presente em vários meios (imagem, vídeo e som) até 2019, retratando o leite – através de vários embaixadores – como um alimento essencial para um estilo de vida saudável.

Falando à agência Lusa à margem do encontro, Manuel dos Santos Gomes indicou que, em causa, está um investimento de 1,2 milhões de euros, 70% do qual suportado por fundos comunitários e o restante pela FENALAC.

Caracterizando os produtores de leite como “resistentes” devido às dificuldades do setor, o representante deu conta de que o retorno também tem vindo a diminuir.

“O mercado tem mais oferta do que procura e nós tivemos de baixar as quotas”, justificou.

De acordo com o presidente da FENALAC, cada litro de leite está a custar, em média, 32 cêntimos ao produtor, valor que varia consoante “a qualidade”.

“Depois é o dono da loja que põe o seu preço e aí ninguém [nenhum produtor] ganha dinheiro”, adiantou.

A campanha é apresentada num momento em que se assinala o Dia Mundial da Alimentação.