O Pinhal de Leiria está sujeito a que aconteça um cataclismo enorme por falta de limpeza e de tratamento, que poderá provocar um incêndio que irá destruir a maior parte do Pinhal de Leiria“. O aviso foi feito há pouco mais de dois meses por Gabriel Roldão, que estuda aquele pinhal há mais de 40 anos, numa entrevista à agência Lusa. O cenário confirmou-se esta segunda-feira: 80% do pinhal foi consumido pelas chamas.

Na altura, o investigador de 81 anos já alertava para a falta de limpeza, de manutenção e de tratamento da Mata Nacional de Leiria, que ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. Roldão insistia que tal desleixo podia potenciar a deflagração de incêndios e levar à devastação de grande parte do pinhal.

A manutenção, a limpeza, o tratamento das árvores, a iluminação, nada disso se faz. Os 152 quilómetros de estradas que existem [na mata], não se faz a manutenção. Extinguiram os guardas florestais e agora ninguém faz o policiamento. Quem quer entra de carro, de jipe, destrói e não tem problema rigorosamente nenhum”, criticava o investigador.

Segundo Gabriel Roldão, o ordenamento da mata estava também a ser “pervertido” em termos de exploração, que estava a “prejudicar” a mata em termos de segurança, de crescimento e de desenvolvimento.

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Também pelo facto de a administração florestal não cuidar da exploração do pinhal, de acordo com as normas que eram antigamente adotadas, acontecerá que, não tardará muito, se houver um incêndio, o Pinhal de Leiria se vá extinguindo pouco a pouco”.

O cenário veio a verificar-se esta segunda-feira, com o anúncio de que 9 mil hectares de mata (cerca de 80% de todo o pinhal) tinham sido consumidos pelas chamas.

Vídeo. O que resta do Pinhal de Leiria depois do incêndio