Um grupo de residentes da Marinha Grande, distrito de Leiria, enviou uma queixa à Procuradoria Geral da República (PGR), na sequência dos incêndios que deflagraram no domingo naquela zona. Os moradores pedem uma investigação ao fogo que consumiu mais de 80% da Mata Nacional de Leiria, escreve o Jornal de Leiria.

Segundo o mesmo jornal, o documento pede que se “dê início a uma investigação criminal para apuramento da responsabilidade dos actos que não foram praticados por aqueles que tinham por obrigação agir preventivamente e procurar minimizar aquilo que demorou 700 anos a ser criado”.

Os residentes acreditam que “há outros responsáveis“, para além dos “responsáveis diretos” pela “catástrofe” – que estarão a ser investigados. O pedido à PGR denuncia também o “esquecimento” a que o pinhal foi sujeito nos últimos anos.

Não foi feita limpeza. Não foi feito o que era exigido em termos de reorganização da mata. Não foram criados acessos ou limpos os que existem. Como consequência de tudo isso, em menos de 24 horas o pinhal de Leiria desapareceu”, refere o documento.

Os cidadãos consideram ainda que aqueles que tinham como função “cuidar da mata, do pinhal e criar as condições mínimas para que ali não estivesse um barril de pólvora” não o fizeram. “Alguém é responsável e é necessário que essa responsabilidade seja apurada. Desconhecemos qual o artigo ou artigos da lei que preveem o crime que aqui foi cometido por aqueles que são responsáveis por cuidar do pinhal, daquele que existiu e foi destruído. Terão prevaricado nas funções que lhe incumbiam, sem dúvida”, acusam no documento.

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Os moradores vão mais longe e consideram que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas não deu prioridade à “preservação do pinhal, na sua limpeza ou cuidado”.

Cometeram crime, desconhecemos se há crime maior do que aquele que os nossos olhos veem, mas por certo que a culpa não pode morrer solteira tal como o nosso pinhal. Não foi apenas quem deu início ao fogo que é aqui responsável”, referem.

Um especialista também já tinha alertado, há pouco mais de dois meses, para o perigo que havia de um incêndio dizimar o pinhal de Leiria. O perito falava em “falta de limpeza” e de “manutenção”.

Investigador já tinha alertado para perigo no Pinhal de Leiria: falta de limpeza, manutenção e policiamento

O Pinhal de Leiria foi uma das zonas mais afetadas pelas chamas de domingo. Cerca de 80% da mata foi consumida – o equivalente a 9 mil hectares de floresta. Também um parque de campismo foi parcialmente destruído.

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