Temos de recuar 3 anos até ao FIFA 15 para encontrarmos a última vez em que a série de futebol com maior sucesso à escala global esteve numa consola portátil. Até aí, por várias razões técnicas, era usual observarmos estas versões como “menores” que cumpriam apenas o objetivo de chegar a um público — em princípio — mais infantil. Com a aposta da EA Sports em trazer a série para uma consola híbrida como a Switch, podemos afirmar: este FIFA 18 não é apenas o topo da evolução de toda a série, mas é a melhor versão portátil de FIFA alguma vez criada.
Há grandes diferenças entre FIFA 18 para as consolas (unicamente domésticas) e o PC e a versão da Switch. Para as primeiras, este FIFA não traz praticamente nada de novo. Mantém-se até o modo narrativo The Journey , com o título The Journey: Hunter Returns.
Mas isso não significa que o que FIFA 18 tem para dar seja inócuo. Reutilizar um motor novo (o Frostbite) permitiu elevar a experiência visual para outro patamar, derreando a competição que PES ainda apresenta. Por outro lado, a decisão da EA de ouvir as constantes reclamações dos jogadores em torno da rigidez das animações, levou finalmente a um desbloqueio desses ciclos nesta edição 18, tornando toda a ação mais dinâmica e fluída, e isso percebe-se na forma como os jogadores se movem e correm pelo campo.
Mas um regresso que nada tem a inovar dá espaço para a afinação dos momentos bons do jogo. Sejam os modos online — um dos favoritos dos fãs — em especial Ultimate Team onde vamos comprando “saquetas” de jogadores e trocando-os como se de cromos se tratassem, passando pelos modos offline que ficaram mais densos e interessantes.
Mas apesar das diferenças técnicas entre as versões habituais das grandes plataformas domésticas, onde o realismo visual e mecânico tenta reproduzir de forma mais fidedigna possível a experiência do futebol adaptada aos videojogos, é a versão da Switch aquela que mais prazer nos tem dado a jogar. Mesmo com as reconhecidas diferenças, sobretudo técnicas, a possibilidade de termos aquela que é possivelmente a primeira edição portátil “a sério” de um jogo de FIFA encurta a diferença que existe entre jogar preso ao conforto do sofá ou jogar em praticamente em qualquer lado.
É também verdade que esta versão não tem alguns modos da versão “principal” de FIFA 18, mas compensa-o com portabilidade. O essencial está lá: a fluidez e a qualidade do futebol virtual aqui jogado. Poder jogar na TV da sala e de seguida continuar o nosso jogo em qualquer outra divisão da casa ou levá-lo para a rua, mantendo a qualidade de todo o jogo até nos transportes públicos é algo que nunca tínhamos visto. Permitindo até, graças à utilização dos 2 JoyCons em separado, jogar com mais alguém em qualquer lado apenas com a nossa consola. Para quem sempre sonhou em jogar FIFA no café com um amigo, acompanhado de uma cerveja e tremoços, a edição da Switch é verdadeiramente obrigatória.
São duas versões diferentes do mesmo jogo, que é indiscutivelmente o melhor jogo de futebol que o mercado tem para oferecer. Com atualização constante das informações do mercado de transferências e da forma atual dos jogadores, investindo numa melhoria visual e mecânica de todo o jogo, FIFA 18 é obrigatório para todos os fãs da modalidade. Com muito conteúdo (e diferente) dentro desta edição, com abordagens ao futebol que vão do coleccionismo de Ultimate Team, à vertente narrativa com o regresso do modo The Journey, ou até ao treinador de bancada dentro através do modo carreira, há inúmeras formas de abordar o futebol e quase todas elas cabem dentro de FIFA 18.
Mais ainda: esta versão para Switch traz (quase) toda a qualidade de um FIFA atual com a vertente portátil, esbatendo as diferenças históricas que sempre existiram face às consolas domésticas.
Ricardo Correia, Rubber Chicken