O primeiro-ministro cabo-verdiano assinalou esta terça-feira, durante a abertura do fórum de desenvolvimento local, a falta de respostas comuns para os problemas dos pequenos Estados insulares, apelando para soluções que permitam responder a choques externos.

As vulnerabilidades económicas e ambientais são conhecidas. As respostas a essas vulnerabilidades, nomeadamente mecanismos para essas pequenas economias fazerem face a choques externos não estão ainda definidas ao nível da comunidade internacional”, apontou Ulisses Correia e Silva.

Ulisses Correia e Silva, que foi um dos 11 intervenientes na sessão de abertura do fórum, adiantou que “faltam, além de uma abordagem comum das respostas à categoria de pequenos estados insulares em desenvolvimento graduados a países de rendimento médio, condições específicas de financiamento e de medição das suas vulnerabilidades estruturais”.

O chefe do Governo cabo-verdiano, que recentemente levou as mesmas preocupações à Assembleia-Geral das Nações Unidas, mostrou-se confiante “no compromisso” do secretário geral António Guterres na “construção destas respostas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na sua intervenção, Ulisses Correia e Silva abordou também os percurso e papel do poder local cabo-verdiano no desenvolvimento de um país distribuído por nove ilhas, admitindo que nem todas consigam o mesmo nível de inserção na economia mundial.

Por isso, assumimos o desenvolvimento local e regional como um resposta que tem que ser aprimorada para maximizar a utilização de recursos humanos, organizacionais, financeiros, económicos e ambientais que de outro modo seriam utilizados com ineficiência e com desperdícios em modelos centralizadores”, disse.

Cabo Verde tem em cima da mesa uma proposta de regionalização do Governo que prevê a criação de 10 regiões (uma em cada ilha e duas na ilha de Santiago, a maior do país) com a existência de assembleias regionais e comissões executivas eleitas e com autonomia financeira. “O resultado que procuramos é valorizar o potencial de cada região, que nosso caso é cada ilha, para promover o crescimento económico, inclusivo e sustentável e reduzir as assimetrias regionais”, referiu.

Por seu lado, o Presidente da República cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, que encerrou as intervenções e declarou oficialmente a abertura do fórum, defendeu que sem uma “governança participativa que coloque os atores locais na linha da frente de todo o processo de desenvolvimento, não se atingirá o desenvolvimento local sustentável.

“Nessa perspetiva, convém repensar o papel do Estado na promoção das capacidades e condições para este modelo de desenvolvimento local e acredito ser este fórum o espaço ideal para se começar esta aliciante viagem”, disse.

Para Jorge Carlos Fonseca, o Estado deverá concentrar-se na “orientação, monitorização e cogestão do processo de desenvolvimento de maneira a ampliar o impacto das ações locais no todo nacional”, devendo os protagonistas locais ser dotados de uma capacidade reivindicativa que os torne parceiros”.

O Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, que pela primeira vez se realiza num país africano, decorre, na cidade da Praia, até sexta-feira, com cerca de três mil participantes e mais de 190 conferencistas.